A Esperan?a sustenta o di¨¢logo e a compreens?o em 2025
Diácono Adelino Barcellos Filho - Diocese de Campos/RJ.
A exortação do Sumo Pontífice nos adverte, que a sociedade contemporânea está testemunhando uma inversão de valores (o mal disfarçado de bem), onde certas situações que antes seriam questionáveis agora são consideradas "normais". A opção pela inverdade e a intervenção do diabo, que se aproveita das situações duvidosas e suspeitas, frequentemente, obsta (atrofia, impede) a ação dos justos, criando um terreno propício para a atuação de forças que se opõem ao Bem.
Nesse cenário dual, o ¡°pai da mentira¡± (João 8, 44) astutamente se aproveita das inverdades para criar obstáculos àqueles que buscam a retidão, a honestidade. A mentira destrói a confiança e a cooperação, gerando suspeita e desunião. Quem mente para obter vantagens, manipular ou evitar a verdade fomenta a desordem, o caos. O arquiteto da discórdia usa a inverdade para confundir e minar os virtuosos.
Ser verdadeiro exige coragem, perseverança e discernimento para enfrentar oposição e desvios. Essa luta forja o caráter e reafirma a Verdade como força libertadora, capaz de guiar a humanidade a um futuro justo. Jesus Cristo, com Sua infinita compaixão e sabedoria divina, estende-nos um convite irrecusável. Não se trata de um convite à resignação ou à aceitação passiva das adversidades, mas sim de um chamado à ação, à perseverança e à transformação de nossas vidas.
Ele nos encoraja a perseverar, criar têmpera, a não ceder na luta, em manter a Graça santificante, através de um esforço constante, uma vez que ¡°a porta é estreita¡± (Lucas 13, 24), compreendida não apenas de sofrimento, mas como um estado de plenitude e firmeza de propósito, feliz. Vencer o ressentimento e buscar a Paz, mesmo com antagonistas, é um princípio basilar do Amor cristão.
Nesse contexto, a Salvação de Jesus Cristo não é um suporte passivo (João 14, 6-11), trata-se de uma realidade ativa que nos capacita, na Força e no Poder do Espírito Santo que procede D¡¯Ele e do Pai, atua como a Luz que dissipa a escuridão da desesperança, o impulso vital que nos levanta após uma queda e a Sabedoria que nos orienta a agir com Amor e discernimento (João 8).
Essa assistência nos capacita a resistir à retaliação, optando pela benevolência, paciência e perdão para alcançar resultados favoráveis. O convite de Jesus nos impulsiona a confiar e a atuar como agentes de transformação positiva: ser luz onde há trevas, onde há ódio disseminar o Amor e onde há desespero levar a esperança, conforme São Francisco de Assis nos exemplificou com sua vida. Em todas as épocas e, sobretudo, na constituição dogmática Lumen Gentium, o Concílio Vaticano II é descrito como um esforço para iluminar a humanidade com a Luz de Cristo.
Somos convocados a uma vida com firme propósito, guiada pelo amor e serviço (¦Ä¦É¦Á¦Ê¦Ï¦Í?¦Á-diaconia) ao bem comum. Paulo, em Coríntios 12, ressaltou a unidade na diversidade: "Em um só Espírito fomos todos batizados para constituir um só corpo". Essa diversidade aponta para a importância do diálogo e compreensão mútua, sustento da esperança.
Leão XIV nos exorta a uma conduta moral elevada. Diante da arrogância, não devemos buscar retaliação, que perpetua a hostilidade. Em vez disso, devemos preservar nossos princípios na Verdade, expressando-os com benevolência e compaixão. Essa resistência pacífica transforma a adversidade em oportunidade para expressar Amor e compadecimento, abstendo-se da hostilidade. A sabedoria convida a responder ao mal com o bem, à calúnia com gentileza e à intolerância com compreensão, sempre baseados na Verdade e na Caridade (I Coríntios 13).
Como os mártires testemunham com seu sangue, confiando em Jesus Cristo, nós também podemos imitá-los, sendo eles nossas referências. Eles testificam a Fé de Jesus Cristo com suas vidas até ao derramamento do sangue, dizendo ¡°²Ô&²¹³Ù¾±±ô»å±ð;´Ç¡± quando é preciso: ¡°Deus não quer¡± (Santa Maria Goretti - assassinada ? 11 anos de idade) e ¡°²õ¾±³¾¡±, na moção do Seu Espírito (Mateus 5, 37). Podemos imitá-los em devoção e fidelidade, usando a liberdade com sabedoria, lembrando que Deus é leal à Sua liberdade, e a liberdade plena só existe por, com e Nele.
É possível emulá-los (esforço com o mesmo objetivo) por atos de abnegação, resistindo a tentações e defendendo a Justiça e a Verdade, mesmo com sacrifícios, no diálogo e na compreensão. Perseverar na oração, caridade, perdão e santidade nos torna discípulos de Jesus, superando adversidades com esperança inabalável. Assim, cada um é chamado a testemunhar a Fé em Cristo.
Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir do século I/II, foi o primeiro a usar o termo "Católica" - ¦Ê¦Á¦È¦Ï¦Ë¦É¦Ê?? (katholikós) para a Igreja de Cristo. Ele preferiu ¡°morrer em Cristo a governar os confins da terra¡±, demonstrando sua prontidão para o martírio. Condenado a ser devorado por feras em Roma por ser cristão, Inácio escreveu sete cartas às comunidades (Éfeso, Magnésia, Trales, Roma, Filadélfia e Esmirna) e ao Bispo Policarpo a caminho de Roma, alertando contra as heresias, exortando à unidade e obediência aos bispos.
Senhor Deus, uno e trino, ajuda-nos a discernir o certo do errado, o bem do mal, e a valorizar o que é eterno e verdadeiro. Que Teu Santo Espírito nos guie e nos fortaleça para que possamos viver de acordo com Seus princípios e ser um exemplo de retidão em meio às adversidades, abertos ao diálogo e à compreensão, sustenta a nossa esperança.
Que possamos buscar a Sabedoria que vem de Vós, para que nossos valores sejam moldados pela Tua Graça e Amor, pelo mesmo Jesus Cristo, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
Que Maria Santíssima, a Mãe do Bom Conselho, nos ajude a sermos cada vez mais autênticos em nossas ações e vivência cristã, sem fingimento. Amém.
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