S¨ªnodo: a ¡°implementa??o ¨¦ uma oportunidade¡±. Vamos conseguir?
Rui Saraiva ¨C Portugal
Chegou o grande momento: o de implementar o espírito sinodal em toda a Igreja e de procurar tornar a sinodalidade numa mentalidade.
Tal como disse o Papa Leão XIV aos bispos italianos no passado dia 17 de junho, exortando-os a uma verdadeira mentalidade sinodal: ¡°Que a sinodalidade se torne uma mentalidade, no coração, nos processos de tomada de decisões e nos modos de agir¡±, disse o Papa.
¡°Olhem para o amanhã com serenidade e não tenham medo de escolhas corajosas¡±, declarou o Papa Leão XIV na ocasião.
Contudo, não obstante o encorajamento do Santo Padre, a intensidade do processo global realizado desde 2021 e as conclusões participadas do Sínodo, ficamos sempre com uma dúvida metódica: vamos conseguir fazer da implementação do Sínodo uma oportunidade?
Analisemos alguns dados para a implementação do Sínodo.
Conversão de relações, processos e obrigações
Depois de três anos de caminho em conjunto, entre 2021 e 2024, num movimento que envolveu milhões de pessoas em todo o mundo refletindo sobre o tema ¡°Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão¡±, as conclusões do Sínodo foram condensadas num texto publicado em outubro de 2024.
O Documento Final (DF) da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos, nos seus 155 pontos, são fruto do trabalho de 368 participantes, dos quais 272 eram bispos e mais de 50 eram mulheres. O DF apresenta uma larga panorâmica sinodal com uma palavra-chave: a conversão. A conversão de relações, processos e obrigações. Uma conversão contínua a partir da escuta do Evangelho colocando em prática o Concílio Vaticano II, como se pode ler no número 5 do documento.
¡°De facto, o caminho sinodal está a pôr em prática o que o Concílio ensinou sobre a Igreja como Mistério e Povo de Deus, chamada à santidade através de uma conversão contínua que nasce da escuta do Evangelho¡±, refere o DF.
Após a fase inicial de consulta das comunidades, com os relatórios das dioceses, das conferências episcopais e das assembleias continentais, o Sínodo teve duas sessões em Roma nos anos 2023 e 2024.
E o DF do Sínodo de outubro de 2024 é o material essencial para a implementação das conclusões no concreto da vida da Igreja.
Caminhar juntos e experimentar práticas
Com o objetivo de apoiar a implementação, a Secretaria Geral do Sínodo publicou neste mês de julho um pequeno texto com o título ¡°Pistas para a fase de implementação do Sínodo¡±.
O texto agora publicado apresenta-se como um ¡°quadro de referência comum¡± que ¡°facilite o caminhar juntos¡± e ajude a ¡°promover o diálogo¡±, refere o texto na sua apresentação.
E para implementar o Sínodo é necessário passar pela experiência sinodal. Logo no primeiro ponto do documento é sublinhado que ¡°crescer como Igreja sinodal exige um saber que se aprende só através da experiência e nos abre uma via para o encontro com o Senhor¡±.
A Secretaria Geral do Sínodo sublinha que esta ¡°fase de implementação tem como objetivo experimentar práticas e estruturas renovadas, que tornem a vida da Igreja cada vez mais sinodal¡±.
E, em particular, destaca a fase de implementação como ¡°uma oportunidade para manter vivo aquele intercâmbio de dons que faz crescer a comunhão¡±. Recorda a importância da ¡°criatividade que inspira novas formas de praticar a sinodalidade¡±.
A responsabilidade do bispo e a animação em equipa
¡°O primeiro responsável pela fase de implementação em cada Igreja local é o bispo diocesano¡±, recorda o texto das pistas para a implementação do Sínodo.
Assinala mesmo ser para os bispos ¡°uma ocasião oportuna para praticar um exercício da autoridade em estilo sinodal¡±, tal como refere o DF: ¡°Quem é ordenado Bispo não recebe prerrogativas e tarefas que deve desempenhar sozinho. Pelo contrário, recebe a graça e a tarefa de reconhecer, discernir e compor em unidade os dons que o Espírito derrama sobre as pessoas e sobre as comunidades¡±.
Procurando a unidade, ¡°os bispos são chamados a inspirar e apoiar a participação no processo sinodal de todos os membros da porção do Povo de Deus que lhes foi confiada¡±, refere o texto das pistas para a implementação.
O documento assinala a importância das equipas sinodais como animadoras do processo sinodal nas igrejas locais. ¡°São instrumentos fundamentais para a animação ordinária da vida sinodal das Igrejas locais¡±, pode-se ler.
¡°As equipas sinodais com uma composição adequadamente variada poderão tornar-se mais facilmente laboratórios de sinodalidade, experimentando dentro de si mesmas as dinâmicas que são chamadas a promover no Povo de Deus. O seu papel na fase de implementação é, antes de mais, promover e facilitar o crescimento do dinamismo sinodal¡±, revela o documento publicado neste mês de julho.
Em discernimento eclesial
O ¡°método próprio de uma Igreja sinodal¡± é o ¡°discernimento eclesial¡±, revelam as pistas para a implementação do Sínodo.
O documento recorda que ¡°para a realização de um bom processo de discernimento, é fundamental uma definição clara dos objetivos, garantindo que sejam realistas e proporcionais em relação ao tempo disponível, aos espaços utilizáveis e ao número dos participantes envolvidos¡±.
Sublinha ainda que ¡°é fundamental que cada participante chegue adequadamente preparado e que o contexto favoreça um clima de oração e disponibilidade interior para ouvir e dialogar¡±.
A este propósito, salienta a importância da figura do facilitador, assinalando que os processos sinodais devem ¡°contar com formas adequadas de facilitação¡± que permitam aos participantes a concentração ¡°nas questões sujeitas a discernimento¡±.
Neste âmbito, o documento indica a ¡°Conversação no Espírito¡± como ¡°um instrumento de encontro¡± e de ¡°crescimento nas relações¡±, em particular, na ¡°passagem do ¡®eu¡¯ para o ¡®nós¡¯¡±. O próprio DF, no seu número 45 destaca a importância da implementação do método da ¡°Conversação no Espírito¡±.
Rumo à Assembleia Eclesial de 2028
Entretanto, salientemos que o texto ¡°Pistas para a fase de implementação do Sínodo¡± aprovado pelo Papa Leão XIV e publicado pela Secretaria Geral do Sínodo na segunda-feira 7 de julho, confirma o percurso proposto pelo Papa Francisco no documento de 15 de março deste ano de 2025.
Um caminho desenhado a partir das igrejas locais rumo a uma Assembleia Eclesial em outubro de 2028 em Roma.
A Secretaria Geral do Sínodo recorda as seguintes etapas em caminho sinodal:
- entre junho de 2025 e dezembro de 2026: percursos de implementação nas Igrejas locais;
- no primeiro semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas dioceses;
- no segundo semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas conferências episcopais nacionais e internacionais, nas estruturas hierárquicas orientais e em outros agrupamentos de Igrejas;
- no primeiro quadrimestre de 2028: Assembleias continentais de avaliação;
- em outubro de 2028: celebração da Assembleia Eclesial no Vaticano.
O documento deste mês de julho revela que o Papa Leão XIV decidiu criar mais dois grupos de estudo que se juntam àqueles que já estão a trabalhar há algum tempo. Um dos novos grupos será para estudar a ¡°liturgia em perspetiva sinodal¡± e o outro para aprofundar o ¡°estatuto das conferências episcopais, das assembleias eclesiais e dos Concílios Particulares¡±.
Chegou o momento da implementação concreta das conclusões do Documento Final do Sínodo na vida da Igreja. Com o Papa Leão XIV rumo à Assembleia Eclesial de 2028.
Laudetur Iesus Christus
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