Mensagens de pesar e dura condena??o da Igreja contra ataque ¨¤ par¨®quia em Gaza
Andressa Collet - Vatican News
O Padre Gabriel Romanelli, ferido numa perna nesta quinta-feira (17/07) durante ataque israelense à Igreja da Sagrada Família na Faixa de Gaza, divulga um vídeo na manhã seguinte ao ocorrido, mostrando o local atingido, danificado, mas ainda em pé: "em meio à destruição, o sino está tocando". A única igreja católica em Gaza, que durante a guerra se transformou em refúgio para acolher moradores, "não está em silêncio", escreveu o sacerdote argentino, também amigo do Papa Francisco, que ligava todos os dias para ter notícias sobre a pequena comunidade católica local. "Seus sinos tocam do coração da dor, e tocam: Paz! Ainda há fé nesta terra e ainda há esperança nela. Que o mundo ouça e que a paz encontre um caminho entre as ruínas¡±. Além do Pe. Romanelli, 10 pessoas ficaram feridas, todos civis, e o vigário.
Ainda durante a noite de quinta (17/07), o sacerdote argentino, recém-recuperado, celebrou missa com casula roxa, simbolizando o luto pelas pessoas que morreram. Segundo as agências de notícias, perderam a vida: o zelador da paróquia, Saad Issa Kostandi Salameh de 60 anos e duas mulheres: Foumia Issa Latif Ayyad, idosa de 84 anos que recebia apoio numa tenda da Caritas utilizada como centro de apoio psicológico à população, e Najwa Abu Dawud, que faleceu horas depois devido aos ferimentos sofridos.
Diocese de Roma invoca "a conversão dos carnífices"
As mensagens de pesar e condenação ao ataque que atingiu um lugar sagrado começaram a ser divulgadas ainda na quinta-feira (17/07). Em comunicado do departamento de comunicação, a Diocese de Roma disse estar "profundamente entristecida": "a estratégia israelense não poupou nem mesmo a Paróquia Latina da Sagrada Família". Invocando o dom da paz "para aquela terra martirizada e continuando a pedir a libertação dos reféns", a diocese afirmou se unir em oração pelas vítimas, expressou solidariedade às famílias e ainda invocou "a conversão dos carnífices". Após 600 dias de guerra e mais de 60 mil mortos palestinos, continuou o comunicado da Diocese de Roma, "a comunidade internacional tem a obrigação de adotar todas as medidas diplomáticas para deter este absurdo e deplorável banho de sangue".
Bispos da Itália: "calem-se as armas"
A Conferência Episcopal Italiana também demonstrou solidariedade com a paróquia Sagrada Família de Gaza. Segundo comunicado do Departamento Nacional para as Comunicações Sociais, a presidência dos bispos italianos descreveu o ataque como "inaceitável" e, com consternação pelo ocorrido, expressou proximidade com a comunidade da paróquia atingida, com um pensamento especial àqueles que sofrem e aos feridos, entre os quais o Pe. Gabriel Romanelli.
No comunicado também veio a firme condenação à violência "que continua a semear destruição e morte entre a população da Faixa, duramente provada por meses de guerra", e o apelo às partes envolvidas e à comunidade internacional "para que se calem as armas e iniciem as negociações, único caminho possível para alcançar a paz". A presidência também agradeceu à presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Noemi Di Segni, pela mensagem de solidariedade recebida e a todos aqueles que, nestas horas, estão manifestando proximidade com a Igreja Católica.
A firme condenação da Custódia da Terra Santa
A à comunidade cristã de Gaza foi divulgada em comunicado de imprensa. Em comunhão com o Patriarcado Latino de Jerusalém, os cristãos da Terra Santa e o Papa Leão, "choramos as vidas perdidas e rezamos pelos feridos, suas famílias e toda a comunidade que continua sofrendo em meio à devastação sem sentido da guerra. Mais uma vez, denunciamos com força a realidade inaceitável e cínica na qual civis indefesos, locais de culto e estruturas humanitárias se tornam alvos de violência e destruição. Pedidos póstumos de desculpas soam infelizmente como um refrão repetido demasiadas vezes para mascarar comportamentos bélicos que já não são mais aceitáveis".
A Custódia da Terra Santa finalizou o comunicado afirmando se unir em oração a todos que trabalham pela paz, justiça e proteção de toda pessoa humana, "independentemente do povo ou religião. Nestes dias obscuros, pedimos ao Senhor da Paz que não abandone seu povo e converta os corações para a compaixão, responsabilidade e diálogo".
Caritas Internacional se une a Leão XIV por um cessar-fogo imediato
A Caritas Internacional também expressou pesar pelo ataque e lamentou a morte de civis na Igreja da Sagrada Família em Gaza. O secretário-geral, Alistair Dutton, disse estarem "devastados" com o ataque "a pessoas que estavam simplesmente tentando sobreviver e haviam se refugiado na igreja. Suas mortes são uma lembrança dolorosa das condições terríveis em que civis e profissionais da saúde vivem sob cerco. Lamentamos as vidas perdidas e apelamos a todas as partes para que respeitem a sacralidade da vida e os espaços que a protegem¡±.
Segundo comunicado da Caritas Internacional, o Pe. Gabriel Romanelli já vinha exortando as pessoas a permanecerem dentro de seus quartos, pois os intensos bombardeios e operações militares nas proximidades tornavam a área cada vez mais perigosa: ¡°se o Padre Gabriel não tivesse nos alertado para ficarmos dentro de casa, poderíamos ter perdido de 50 a 60 pessoas hoje. Teria sido um massacre¡±, informou ainda o secretário.
A Caritas Internacional, em total solidariedade com os funcionários da Caritas Jerusalém e parceiros que trabalham sob cerco para servir as pessoas, reforça o apelo urgente para: "respeitar e proteger locais de culto e abrigos humanitários, conforme exigido pelo direito internacional humanitário; e garantir acesso irrestrito à ajuda humanitária, corredores seguros e apoio médico para civis". A confederação também se une ao Papa Leão XIV que exorta um cessar-fogo imediato e reafirma o apelo "ao pleno respeito ao direito internacional, ao direito internacional humanitário e ao direito internacional dos direitos humanos".
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