Visita aos Palotinos na Ucr?nia revela realidade dolorosa da guerra
Padre Judinei Vanzeto, SAC ¨C Jornalista
A presença dos palotinos na Ucrânia, como destaca o Conselho, é fruto da ação missionária da Província Cristo Rei de Varsóvia, na Polônia ¡ª atualmente a maior em número de membros da SAC. Hoje, são 17 padres palotinos atuando no país, sendo 11 ucranianos e 6 poloneses, distribuídos em oito casas religiosas.
Segundo Padre Vanderlei Cargnin, membro da Província de Santa Maria-RS, a situação da Igreja Católica na Ucrânia é desafiadora. "A maior igreja é a ortodoxa. Apenas cerca de 10% da população é católica, pertencendo, em sua maioria, à Igreja Greco-Católica Ucraniana. Também há fiéis do Rito Latino, da Igreja Católica Bizantina Rutena e da Igreja Católica Armênia. Com a guerra, muitos católicos deixaram o país¡±, explicou.
Durante os dias da visita, o grupo pôde testemunhar de forma direta os impactos da guerra na vida das comunidades. Padre Vanderlei relata que, apesar de já ter visitado regiões em conflito, como o norte de Moçambique e a República Democrática do Congo, nunca havia vivenciado algo tão intenso como na Ucrânia.
Um dos momentos mais comoventes da viagem foi a participação no funeral de um jovem de 19 anos, ligado aos palotinos e que desejava ingressar no seminário. Voluntário como instrutor de drones, o jovem foi morto ao retornar de uma missão. "O enterro durou quatro horas. Pelas ruas da cidade, enquanto passava o caixão, as pessoas se ajoelhavam, choravam. Uma dor imensa tomava conta do ambiente", contou o padre emocionado.
A população ucraniana sofre com o esgotamento físico e emocional provocado pelo prolongamento do conflito. ¡°As pessoas estão cansadas. Muitas sofrem com depressão, insônia e medo constante dos bombardeios noturnos. Em todas as cidades, cemitérios crescem com as vítimas da guerra¡±, lamentou.
A situação dos sacerdotes palotinos também se tornou mais delicada após a revogação de um decreto que os isentava da convocação militar. ¡°Antes, um general havia garantido que os padres não iriam para o front. Agora, sem esse decreto, muitos vivem com medo de serem presos e enviados ao combate¡±, afirmou Padre Vanderlei. Apesar disso, alguns palotinos continuam ativos junto aos feridos, oferecendo apoio espiritual até mesmo na linha de frente.
Dois sacerdotes chegaram a ser detidos, mas conseguiram ser liberados posteriormente. Conforme a lei militar vigente, estão isentos do alistamento os homens com três filhos, estudantes, idosos acima de 70 anos, mulheres e pessoas com problemas graves de saúde.
Ao final da visita, Padre Vanderlei expressou sua comoção: ¡°Vivenciei a dor das mães que perderam os filhos, a destruição, o sofrimento silencioso de um povo resiliente. A guerra é um desastre humano e espiritual. Agradecemos a Deus por, mesmo com nossas dificuldades no Brasil, não vivermos essa realidade¡±.
Ele concluiu recordando as palavras do Papa Francisco, que constantemente condena a guerra como ¡°loucura¡±, ¡°horror¡± e ¡°derrota da humanidade¡±. O pontífice tem feito apelos contínuos por paz, cessar-fogo e soluções pacíficas, alertando o mundo a não se acostumar com os horrores da guerra.
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