Semana do Migrante destaca acolhimento e solidariedade na Arquidiocese de Porto Alegre
Por Greice Pozzatto*
Estamos vivendo a Semana do Migrante em todo o país. Pessoas que chegam, que partem ¡ª de uma cidade para outra, de um estado para outro, e até cruzando fronteiras em busca de uma nova vida. Muitas vezes, carregam apenas um sonho: uma vida melhor, uma chance de recomeçar. Mas o que muitos não esperam são os imprevistos do caminho. E é justamente nesses momentos que a solidariedade de quem acolhe faz toda a diferença.
Uma história de acolhida e fé
Alejandrina Isabel Fontes, da Argentina, encontrou no Brasil não apenas o nascimento do filho, mas também um novo olhar sobre a vida. Chegou cheia de sonhos, mas os planos não saíram como o pretendido. Precisou voltar ao país de origem, mas por conta da documentação do bebê, nascido em território brasileiro, não podia. E lá, mesmo, na rodoviária de Porto Alegre, com um bebe nos braços, sem saber ou ter para onde ir, encontrou acolhimento. Ela encontrou o espaço das Irmãs Scalabrinianas.
¡°Até o último momento, eu agradeci muito, muito, muito o que fizeram por mim. Porque o que elas fizeram por mim, não faz qualquer pessoa¡±, conta emocionada.
¡°Me deram um lugar sagrado. Me senti afortunada e muito mais próxima de Deus. Eu não tinha muita fé, mas ali compreendi que Ele existia. Ele colocou as pessoas certas no meu caminho.¡±
Além do abrigo, Alejandrina recebeu alimentos, roupas, cuidados e, sobretudo, escuta.
¡°Foram pessoas muito boas. Me deram um espaço para falar, para descansar. Agradeço todos os dias por isso.¡±
Um farol na rodoviária
Na correria da Rodoviária de Porto Alegre, existe um porto seguro para quem chega sem rumo. Há 25 anos, o Acomigra espaço mantido pelas Irmãs Scalabrinianas oferece atendimento direto a migrantes e refugiados.
¡°Nosso trabalho começou aqui em 1999. Desde então, atendemos quem chega com escuta qualificada, orientação e encaminhamento¡±, explica irmã Jakeline Danette, responsável pelo Serviço de Acolhida e Orientação ao Migrante.
O trabalho inclui desde auxílio com passagens e documentos até apoio psicológico e orientação para geração de renda.
¡°Encaminhamos para vagas de emprego, ajudamos na confecção de currículos e na preparação para entrevistas. Também fazemos mediações familiares, buscamos redes de apoio e benefícios eventuais. Nosso serviço é de portas abertas. Em média, realizamos 160 a 180 atendimentos por mês.¡±
A fé que acolhe
A atuação da Igreja Católica no apoio aos migrantes não se limita ao acolhimento emergencial. O Cibai Migrações, na Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, também em Porto Alegre, realiza um trabalho estruturado de orientação e integração.
¡°O Cibai é um espaço criado há mais de 60 anos pelos italianos que vieram ao Brasil, e hoje atende migrantes de mais de 50 nacionalidades¡±, explica o Pe. Rodinei Sierpinski, missionário scalabriniano.
Entre os serviços oferecidos estão apoio documental, cursos de língua portuguesa e profissionalizantes, intermediação de empregos e assistência social.
¡°Temos uma média de 20 a 30 atendimentos por dia, totalizando quase 6 mil atendimentos, conforme levantamento que realizamos em 2023. Recebemos migrantes de países como Venezuela, Haiti, Argentina, Afeganistão, entre outros. Nosso papel é garantir que eles se sintam acolhidos e assistidos de forma integral ¡ª espiritual, social e humana.¡±
A missão da Igreja
A Pastoral do Migrante, vinculada à Igreja Católica, atua há 40 anos no Brasil. Na Arquidiocese de Porto Alegre, a programação da Semana do Migrante começou no dia 14, com uma celebração eucarística na Paróquia São Sebastião Mártir, e seguirá até o dia 22 com ações diversas nas Paróquias. No dia 21 de junho, às 17h, haverá uma missa em homenagem aos migrantes na Catedral Metropolitana de Porto Alegre.
¡°Celebrar esta semana é lembrar que os migrantes são nossos irmãos. O trabalho da Igreja segue os quatro verbos indicados pelo Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar¡±, reforça Pe. Rodinei.
Um novo começo
Seja pelo desejo de construir um futuro ou pela urgência de fugir do passado, cada migrante traz em si uma história de coragem. E em lugares como o Acomigra na Rodoviária de Porto Alegre ou o Cibai Migrações, muitos encontram mais do que ajuda material: encontram mãos estendidas, fé compartilhada e um novo começo.
*Greice Pozzatto, Jornalista / Assessoria de comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre
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