De Roma, a proposta do mundo cat¨®lico de estabelecer um Minist¨¦rio da Paz
Stefano Leszczynski ¨C Vatican News
"Pedir um Ministério da Paz significa pedir um modo de vida diferente, capaz de entender a justiça como reparadora e não vingativa, capaz de mediar conflitos, de dialogar, de incutir nas sociedades um sonho e não o medo e a vingança que hoje animam os interesses políticos dos grandes e poderosos. Os pobres, os bons e os simples não querem a guerra e nós estamos aqui para afirmar isso". O secretário-geral da Fundação vaticana Fratelli Tutti, pe. Francesco Occhetta, falando à imprensa vaticana, dá uma definição muito concreta, não sujeita a interpretações, do que é a ideia por trás da proposta de instituir um dicastério para a paz na Itália, num momento em que novas guerras sangrentas, desigualdades globais e o aumento dos gastos militares obscurecem o horizonte.
Uma proposta concreta
Este é um desafio radical, mas necessário, relançado na última terça-feira (24/06), em Roma, por pelo menos trinta associações cristãs e pacifistas que se uniram para conscientizar a opinião pública e fazer com que o mundo da política assuma suas responsabilidades na questão da paz como uma escolha concreta, estrutural e institucional. Vozes críveis do mundo acadêmico e religioso apresentaram o projeto de um Ministério da Paz num evento realizado no "Auditório Bachelet" da Domus Mariae. O objetivo é claro: explorar as razões e as possibilidades de ação partilhada para uma política da paz. Não se trata apenas de um apelo genérico à boa vontade, mas de repensar a própria arquitetura da paz, passando do pacifismo retórico a um compromisso concreto, capaz de gerar um diálogo construtivo e estruturas duradouras de cooperação e desarmamento. Ao abrir os trabalhos, o padre Francesco Occhetta reitera que a verdadeira paz se constrói através do desarmamento: "Não basta reduzir as armas, é preciso desarmar os ânimos, a linguagem, a cultura do medo".
Unidos pela paz
Durante o evento, também discursaram os três presidentes das Associações organizadoras do projeto: Matteo Fadda, diretor-geral da Comunidade do Papa João XXIII; Giuseppe Notarstefano, presidente da Ação Católica; e Emiliano Manfredonia, presidente nacional das Associações de Trabalhadores Cristãos Italianos (ACLI), que defenderam a necessidade de agir pela paz antes que "a guerra se torne um abismo irreparável" e a necessidade de "adotar o princípio segundo o qual é a guerra que interrompe a paz e não o contrário". O desafio que enfrentamos - explica Notarstefano - é reunir as diferenças, inclusive dentro da própria frente eclesial, para poder dialogar juntos diante das políticas públicas em questões como o rearmamento em nível europeu e o significado de uma defesa europeia. O Papa Leão, desde o início de seu pontificado, deseja que o mundo eclesial dê testemunho da unidade no mundo, o que significa tentar olhar na mesma direção, a da construção de instituições de paz. As instituições são regras - conclui Notarstefano - mas também precisamos de uma cultura que acompanhe as instituições e esta é a tarefa das associações que devem tentar trabalhar juntas, até mesmo confrontando umas às outras".
O papel dos jovens
A instituição de um Ministério da Paz, portanto, não é um gesto simbólico', indicam os palestrantes, 'mas uma mudança de paradigma. É a proposta de um novo humanismo institucional, que coloca a dignidade humana, a responsabilidade política e a força da não-violência no centro. A paz, como dizia pe. Oreste Benzi, "não apenas se deseja, mas é construída, é organizada. Se muitos sonham juntos, o sonho se torna realidade". É exatamente nesse sentido que a capacidade de construir uma cultura de paz que se enraíze e floresça, especialmente nas novas gerações, assume uma relevância especial. ¡°Os jovens¡±, explica Michele Nicoletti, professor de filosofia política na Universidade de Trento, "já estão existencialmente envolvidos, no sentido de que sentem todo o drama da situação, tanto na frente de guerra quanto na frente de outros desafios, como as mudanças climáticas. Devemos ajudá-los em seu trabalho de coordenação, promovendo momentos de fraternidade e unidade no âmbito internacional para fomentar intercâmbios concretos entre jovens de diferentes países. Depois, continua sendo necessário construir condições de vida e de trabalho que sejam realmente dignas e justas".
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