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Pont¨ªfice encontra 4 mil seminaristas na ter?a (24/06) na Bas¨ªlica de S?o Pedro durante o Jubileu Pont¨ªfice encontra 4 mil seminaristas na ter?a (24/06) na Bas¨ªlica de S?o Pedro durante o Jubileu  (@Vatican Media)

Escola de afetos

No artigo assinado por Pe. Maicon Malacarne, a reflex?o inspirada em Le?o XIV sobre a ¡°escola dos afetos¡± que precisa ser sempre uma ¡°escola do amor¡± que n?o deixa de ser um amor eterno: "o amor ¨¦ a m¨¢quina para diminuir o passo do mundo hiper acelerado. O amor ¨¦ a m¨¢quina para organizar o alfabeto dos afetos. O amor ¨C continua o Papa Le?o, citando Santo Agostinho ¨C ¨¦ o caminho para 'retornar ao cora??o'¡±.

Pe. Maicon A. Malacarne*

Giacomo Leopardi, um dos grandes poetas italianos, escreveu no seu ciclo de Aspásia ¡°que se a vida é desprovida de afetos e erros gentis, é uma noite sem estrelas no meio do inverno¡±. Nós somos os nossos afetos. Privados de afetos, a escuridão nos atravessa. No entanto, não basta identificar, é preciso organizar, discernir e orientar os afetos, para que não sejam atrofiados ou confundidos com as tentações do nosso tempo. Trata-se de empreender um caminho de leveza e de humanização da afetividade. 

O Papa Leão XIV se encontrou, nesta terça-feira, 24, com os seminaristas de diversas partes do mundo para celebrar o Jubileu dos Seminaristas no Vaticano. Durante a meditação, citando algumas vezes o Papa Francisco, de maneira especial a Encíclica Dilexit nos ¨C sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus - o Pontífice motivou os Seminários a se transformarem em ¡°escolas de afetos¡±.

Considero esse um convite fundamental. Por muito tempo, negligenciamos os afetos, além das emoções e dos sentimentos como questões menos importantes, na contramão da racionalidade e do pensamento. A verdade é que ¨C com custo alto ¨C estamos descobrindo que não se trata de oposição, mas de reciprocidade. Qualquer formação, seja religiosa ou laica, precisa ser, necessariamente, um espaço de acolhida dos afetos, na qual as emoções e os sentimentos sejam integrados no discernimento dos projetos de vida e no amadurecimento das consciências.

A ¡°escola de afetos¡±, lembra o Papa Leão, diz respeito a aprendizagem do amor. É preciso aprender a amar e isso só é possível através de encontros, de vínculos, de reciprocidade, de ¡°tempo perdido¡± em estar junto, convivendo em família, com os amigos, com a comunidade eclesial e, até mesmo, com a ¡°ameaça¡± dos desconhecidos. A santa hospitalidade que aprendemos dentro da casa de Abraão e de Sara (Gn 18,1-15) e que atravessa toda a Sagrada Escritura, continua sendo a melhor e mais urgente morada para cultivar a afetividade.

Se é verdade que o amor é feito de encontros que rompem o risco narcisista da imagem no espelho (Jacques Lacan) e que todos esses encontros atravessados pelo amor buscam a sua repetição, a sua continuidade, a ¡°escola dos afetos¡± precisa ser sempre uma ¡°escola do amor¡± que não deixa de ser um amor eterno. O amor é a máquina para diminuir o passo do mundo hiper acelerado. O amor é a máquina para organizar o alfabeto dos afetos. O amor ¨C continua o Papa Leão, citando Santo Agostinho ¨C é o caminho para ¡°retornar ao coração¡±.

* professor de Teologia Moral e pároco da Paróquia São Cristóvão - diocese de Erexim/RS

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25 junho 2025, 12:22