HALO Trust e o futuro de Palmira, na ³§¨ª°ù¾±²¹
Por Francesca Merlo
Há dez anos, o autoproclamado Estado Islâmico ocupou e destruiu a maior parte da cidade síria de Palmira. Agora quase totalmente deserta, a localidade de impressionante importância histórica carrega o peso da guerra civil síria em seus escombros e no deserto que a cerca.
Outrora um movimentado centro da antiga Rota da Seda, esta encruzilhada de civilizações sofreu danos catastróficos. Embora sua destruição, ironicamente, tenha revelado sua beleza e levado aqueles que nunca a conheceram a sentirem sua falta, também deixou um legado mortal. Minas terrestres e artefatos explosivos não detonados (UXOs) são uma ameaça iminente à vida daqueles que, no horizonte de uma nova aurora política, ousam para lá retornar.
Damian O¡¯Brien, diretor nacional das operações da na Síria, acaba de retornar da cidade antiga. Como a maior instituição de caridade do mundo para remoção de minas terrestres, a presença da HALO na Síria, especialmente após a queda do regime de Assad, é mais preciosa do que nunca. Já operando no noroeste do país, a perspectiva de trazer de volta a vida ao que antes era uma "cidade tão sofisticada e próspera" é uma tarefa difícil, mas que O'Brien está confiante que pode ser alcançada.
Palmira hoje
Em entrevista ao Vatican News, O¡¯Brien descreve Palmira hoje e a tarefa que os aguarda: ¡°Quando a visitei, subi a um forte no topo de uma colina com vista para o sítio principal e encontrei jornais russos datados de 2024, mostrando que recentemente soldados estrangeiros estiveram lᡱ.
O¡¯Brien descreve os danos no forte, mas admite não ser capaz de precisar o quanto foi causado ao restante do sítio, pois não o havia visitado antes da guerra. Partes dele ainda está visivelmente de pé, confirma. ¡°Mas o que é perceptível - acrescenta - é a destruição da cidade moderna de Palmira¡±, que havia sido desenvolvida paralelamente ao sítio histórico. ¡°Suas casas, hotéis e vilas foram destruídos por ataques aéreos, projéteis de artilharia e fogo de armas de pequeno porte.¡±
Como Palmira ainda não foi pesquisada ¨C o que significa que nenhuma avaliação formal e sistemática foi realizada para identificar e mapear a localização de minas terrestres, artefatos explosivos não-detonados ou outros resíduos explosivos de guerra na área ¨C O¡¯Brien alerta que estão acontecendo acidentes, e esta é a primeira indicação clara de que ali há artefatos e que as pessoas que para ali retornam estão sendo atingidas por eles quando explodem.
Ele explica que parte do motivo pelo qual a área ainda não foi pesquisada é por ter estado completamente vazia. Mas, por sua vez, o fato de a área estar deserta, também pode ser devido à presença de explosivos.
A perspectiva de reassentamento
Como peça central do patrimônio da Síria, Palmira gerou muitos empregos no passado e, "como muitos lugares no país, precisará ser reconstruída, o que levará muito tempo". Tendo trabalhado em várias partes do país, O¡¯Brien está ciente dos desafios que tem pela frente em Palmira, onde, como em grande parte da Síria, propriedades privadas e infraestrutura estão em ruínas. "É um desafio assustador retornar", diz ele.
Muitos sírios passaram anos no exterior e podem hesitar em retornar sem garantias de estabilidade, empregos ou serviços básicos. Ao contrário de Aleppo, onde algumas áreas permanecem habitáveis, a moderna cidade de Palmira ainda é totalmente inabitável ¨C embora, acrescenta, ainda permaneçam alguns comerciantes resistentes.
Minas no deserto
Mas hoje, o desafio que Palmira enfrenta não é apenas como reconstruir suas estruturas físicas, mas também como remover os artefatos letais enterrados em suas areias.
Situada no deserto, aproximadamente a meio caminho entre Damasco e a fronteira com o Iraque, Palmira é cercada por vastas áreas escassamente povoadas, contaminadas com minas terrestres e dispositivos explosivos improvisados. Ao contrário do noroeste do país, onde as linhas de frente foram claramente traçadas e mapeadas pelo Exército Sírio, o centro e o leste da Síria apresentam um quadro mais complexo. "Ao redor de Palmira, o controle mudou entre diferentes grupos armados", explica O'Brien. "Não vimos os mapas dessas áreas, então o levantamento topográfico será muito mais desafiador."
Na ausência de registros claros, cada pedaço de terreno deve ser cuidadosamente avaliado. Tecnicamente, ele afirma, trata-se de um tipo de desminagem diferente do que está sendo feito no noroeste. E embora Palmira tenha se mantido relativamente tranquila nos últimos anos, os riscos permanecem ¨C tanto acima quanto abaixo da superfície. "Nem todos os dispositivos explosivos detonam como pretendido", afirma. "Ainda pode haver granadas, morteiros e até armas lançadas por via aérea escondidas em casas e prédios."
Sem a capacidade de eliminar completamente esses riscos antes do retorno das pessoas, aqueles que retornam ¨C seja para reconstruir ou simplesmente para ver o que resta ¨C correm o risco de enfrentar uma violência muito semelhante àquela da qual fugiram.
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