A ministerialidade das mulheres chanceleres no Regional Norte 1
Padre Modino - Regional Norte 1
Na diocese de Roraima, a chancelaria é assumida pela irmã. Sofia Quintans Bouzada, enquanto na prelazia de Tefé é uma leiga, Juliana de Souza Martins, que desempenha esse serviço. Isso é uma novidade na práxis, que de modo nenhum contradiz o Direito Canônico, mas que tem que ser visto como um processo de mudança neste momento histórico que a Igreja universal e a Igreja da Amazônia estão vivendo.
As reformas que o Papa Francisco vai introduzindo na Cúria Vaticana, com nomeação de mulheres para postos de responsabilidade, aos poucos também vão se fazendo presentes em algumas igrejas locais. O serviço da chancelaria, tradicionalmente assumido por padres, agora exercido por mulheres, é um exemplo disso. Segundo a chanceler da prelazia de Tefé, ¡°com todo esse convite do Papa, a gente percebe também que os nossos bispos também se abrem a esse novo.¡± É uma aposta dos bispos para as mulheres estar nesses espaços, como é a chancelaria, que mostra que ¡°nossos bispos também estão neste caminho de abertura da Igreja, para esse momento novo com a inserção das mulheres nessas funções¡±, sublinha Juliana de Souza Martins.
As mulheres maioria nas comunidades
Ninguém pode esquecer que ¡°as mulheres fazemos parte das comunidades de base, somos a maioria nas comunidades, somos as que alentamos os processos, acompanhamos as pastorais, estamos como verdadeiras diaconisas nas igrejas locais¡±, segundo a Ir. Sofia Quintans. A religiosa afirma que assumir esses serviços ¡°é simplesmente reconhecer aquilo que já fazemos no dia a dia na igreja local, nas comunidades de base.¡± A chanceler da diocese de Roraima, afirma que ¡°com nossa competência e nosso modo de ser e estar, ajudamos também para que esta Igreja seja inclusiva, integre a todos, todos, todos, como disse o Papa Francisco, e haja processos novos de relação, processos de inclusão e outra nova sensibilidade incorporada nos processos eclesiais, nas tomadas de decisão, na formação, em tudo.¡±
A irmã Sofia insiste em que ¡°a mulher faz parte da Igreja, fazemos parte da Igreja faz muito tempo, e nos reconhecermos como chanceleres é algo que é possível na Igreja faz muito tempo. Só que temos inércias incorporadas e se faz necessário quebrar essas inércias.¡± De fato, as mulheres na chancelaria enfrentam diversos desafios, que em primeiro lugar surgem da grande responsabilidade assumida, da confiança depositada nelas para vivenciar um processo que é uma corresponsabilidade com o Ministério Pastoral do bispo.
A chanceler da diocese de Roraima destaca a necessidade do respeito muito profundo à caminhada histórica da Igreja local, ¡°e tentar fazer de ponte com as comunidades, as paróquias, áreas missionárias, áreas indígenas, com a caminhada pastoral da Igreja, com a realidade local e os novos desafios da realidade migratória, dos povos indígenas e também com os desafios dos missionários¡±, sublinhando que a importância da Cúria ser um lugar de hospitalidade, de encontro e de Igreja em saída, de fazer uma caminhada em conjunto, sinodal.
A capacidade e o papel das mulheres
Olhando para a Igreja da Amazônia, Juliana de Souza Martins reflete sobre o desafio de reconhecer que o papel da chanceler e do chanceler é um papel importantíssimo, fundamental, dentro da cúria, dar visibilidade. No plano da ministerialidade feminina, uma dinâmica que teve um grande impulso no atual pontificado, se faz necessário da parte das mulheres, ¡°nos dar conta da capacidade e do papel que nós temos dentro da Igreja. Às vezes, com o desafio, por sermos ainda uma Igreja muito masculina, muito paternal.¡±
Ela reconhece o sofrimento das mulheres, mas também os passos já dados, os avanços, afirmando que ¡°é algo muito presente, muito enraizado ainda dentro da nossa Igreja e às vezes isso acaba nos limitando no nosso pensar e no nosso agir. Mas eu acredito que se nós permanecermos firmes enquanto mulheres, nos reconhecermos como figuras transformadoras, importantíssimas para a evangelização da nossa Igreja, eu acredito que é nesse caminho que a gente deve continuar e persistir.¡±
Reconhecer os serviços das mulheres
A irmã Sofia faz um chamado às mulheres para um reconhecimento mútuo, um apoio mútuo, para assumir que ¡°temos qualidades e competências, além de uma experiência espiritual muito forte que sustenta a Igreja toda.¡± Ela também insiste em ¡°reconhecer os nossos serviços que já estamos a vivenciar na Igreja, dentro das comunidades, dentro das pastorais, de lideranças, com ministérios reconhecidos.¡±
Trata-se de ¡°abrir caminho para outros ministérios que podem ser mesmo reconhecidos, ocupando os espaços, sem ter que pedir licença, dando-nos confiança mútua, mulheres e homens, homens e mulheres, tentando vivenciar essa experiência de missão conjunta, de missão em equipe¡±, com ¡°conhecimento, responsabilidade, visibilidade, confiança mútua, vivenciando tudo juntos e juntas, em igualdade, com a mesma dignidade, mas em igualdade¡±, concluiu a religiosa.
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