ÐÓMAPµ¼º½

Busca

Cardeal Zuppi na Assembleia Sinodal na ±õ³Ù¨¢±ô¾±²¹: que a Igreja esteja aberta a todos

O cardeal Matteo Zuppi, presidente da CEI, apresentou nesta segunda-feira (31/03), na Sala Paulo VI, a II Assembleia das Igrejas na ±õ³Ù¨¢±ô¾±²¹, com mais de mil participantes entre bispos, delegados diocesanos e convidados que analisar?o e votar?o, at¨¦ 3 de abril, o conte¨²do das "Proposi??es", uma s¨ªntese concreta do caminho iniciado em 2021. Mudaremos as estruturas se necess¨¢rio, disse o cardeal, mas ¨¦ preciso ¡°fazer com que a Palavra de Deus escorra pelas veias da sociedade¡±.

Alessandro Di Bussolo - Vatican News

Tornar-se ¡°construtores de comunidades, de relações, de famílias onde se é gerado para a vida e se reconstrói o ¡®nós¡¯ da casa do Pai, de outra forma blindado pelo rancor ferido do irmão mais velho que não tem interesse na fraternidade¡±. Esse deve ser o compromisso apaixonado com o futuro da Igreja na Itália, que tem se empenhado em seu Caminho Sinodal nos últimos quatro anos, para o cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, que apresentou o trabalho da II Assembleia Sinodal na tarde desta segunda-feira (31/03) na Sala Paulo VI, no Vaticano. E que desejou que no final desses dias, em 3 de abril, ¡°todos juntos possamos dizer que construímos comunidades abertas, cheias de Deus e de humanidade¡± e também que ¡°nossa alegria é plena não porque temos todas as respostas, mas porque estamos no caminho atrás de Jesus, talvez mais pobres, mas mais próximos uns dos outros e de nossos companheiros de estrada¡±.

Um caminho espiritual para ler os sinais dos tempos

Após a oração de abertura e a leitura da mensagem do Papa Francisco, Zuppi saudou os mais de mil participantes: bispos, delegados diocesanos e convidados, incluindo 442 leigos, 293 dos quais eram mulheres. E fez seu o desejo tirado das palavras do Evangelho de João: ¡°que a nossa alegria seja plena¡±. Lembrando como o impulso para o caminho sinodal veio do Papa Francisco, durante a visita a Florença em novembro de 2015, ¡°a Evangelii gaudium em italiano e para a Itália¡±, o arcebispo de Bolonha enfatizou que o Caminho Sinodal ¡°foi e é um caminho fundamentalmente espiritual, uma ocasião propícia para renovar o vínculo entre a Igreja e seu Senhor Ressuscitado, uma maneira de ler os sinais dos tempos, expandir o coração na fé, esperança e caridade, para construir comunidades e a Igreja de Deus¡±.

A intervenção do cardeal Zuppi
A intervenção do cardeal Zuppi   (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

A alegria cristã e o diálogo com o mundo

A alegria cristã do Caminho Sinodal, continuou Zuppi, ¡°é comunitária, eclesial, não para as elites da Igreja, mas finalmente no plural e para todos". E como ensina a Gaudium et spes, que completa 60 anos em 2025, ela é vivida com ¡°a atitude positiva ao diálogo com o mundo¡±. ¡°De fato, não há alegria cristã sem plena inserção na história¡±, disse o presidente da Conferência Episcopal Italiana, "sem envolvimento ativo nos eventos do povo, sem ler os sinais dos tempos, sem amor por todos, especialmente por aqueles que se encontram relegados, contra sua vontade, às periferias existenciais¡¯.

As etapas do Caminho Sinodal

Sobre as etapas do Caminho Sinodal, o cardeal enfatizou como ¡°no início voltamos a praticar a sublime arte da escuta. Queríamos que todos fossem ouvidos e se sentissem ouvidos. Ouvir era bom para aqueles que ouviam e para aqueles que eram ouvidos¡±. Em seguida, passamos à arte do discernimento eclesial, e ¡°as sínteses diocesanas mostraram a sensibilidade das igrejas locais em identificar as ações pastorais consideradas mais urgentes com aquelas consideradas menos urgentes¡±. Com essa II Assembleia Sinodal, encerra-se a terceira fase: aquela da profecia. ¡°Esperam-nos importantes escolhas de estilo e de mérito eclesial¡±, recordou o presidente da Conferência Episcopal Italiana. "Seria uma traição ao espírito do Caminho Sinodal pensar que tudo se destina a uma mera mudança de estruturas externas". Porque ¡°são as pessoas que mudam as estruturas, e não vice-versa. Certamente não nos esquivaremos da nossa responsabilidade de mudar os procedimentos, em nível diocesano, regional e até nacional, esclareceu ele, ¡°se julgarmos necessário: mas não percamos o horizonte espiritual dentro do qual estamos nos movendo¡±.

Fazer com que a Palavra de Deus escorra pelas veias da sociedade

Um horizonte que lembra aos cristãos, como o Papa Francisco nos dias mais sombrios da pandemia, que ¡°ninguém se salva sozinho¡±. A compaixão ¡°não é separar-se da história do mundo das mulheres e dos homens, pequena, dos pobres, maior¡±, esclareceu e concluiu Zuppi, ¡°mas compartilhá-la interiormente e em atos¡±. Devemos ¡°fazer com que a Palavra de Deus escorra nas veias da sociedade, nos pensamentos, discussões e palavras de nossos contemporâneos, na vida das pessoas e na cultura. Não nos conformemos com a realidade doentia da sociedade, como se não tivéssemos nada a dizer ou a dar¡±.

Capuzzi: o desejo de Deus não desapareceu

O discurso sucessivo da Assembleia, o segundo depois daquele realizado de 15 a 17 de novembro de 2024 na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, foi confiado a Lucia Capuzzi, correspondente do jornal Avvenire e membro do Comitê Nacional do Caminho Sinodal. Capuzzi percorreu as etapas do caminho iniciado em maio de quatro anos atrás, desde a ¡°fase narrativa¡±, na qual os diversos membros da Igreja italiana ¡°aprenderam a ouvir¡± muitos companheiros de viagem diferentes, ajudados pelo método da ¡°conversa no Espírito¡±. Assim, lembrou ela, ¡°mais de 50 mil grupos sinodais e milhares de oficinas pastorais nasceram dentro da estrutura dos Cantieri di Betania¡±. Assim, enfatizou, ¡°tocamos com nossas próprias mãos como, em meio à atual mudança de época, o desejo de Deus não desapareceu¡±. Uma ¡°sede pelo infinito¡±, uma ¡°fome de significado¡± sem limites, que ¡°se expressa, no entanto, de maneiras que, como Igreja, lutamos para interceptar¡±. Mas a Boa Nova é urgente, ¡°talvez como nunca antes¡±, porque ¡°todos, todos, todos¡±, lembrou Zuppi ao abrir a primeira Assembleia, ¡°são confiados aos nossos cuidados¡±.

Participantes da II Assembleia Sinodal da Igreja na Itália
Participantes da II Assembleia Sinodal da Igreja na Itália   (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

A questão, para Capuzzi, é ¡°como e o que devemos mudar nas formas históricas e no estilo para continuar, nesta época, a dar razão à nossa esperança¡±. Com o trabalho destes dias, concluiu, é hora de traduzir em escolhas e decisões o que foi aprendido no caminho. Com o imperativo de ¡°simplificar¡±, ¡°aliviar o que se tornou pesado demais para caminharmos juntos. Tocar os nós que permitem desbloquear certas dinâmicas hostis à sinodalidade¡±. Elas foram chamadas de ¡°condições de possibilidade¡± para dinâmicas mais evangélicas e missionárias.

Castellucci: a ¡°fase profética¡± e as Proposições

A Igreja na Itália é ¡°uma Igreja viva e presente¡± que ¡°escuta a voz do Espírito¡± para se fazer peregrina ao lado de todos, disse dom Erio Castellucci, presidente do Comitê Nacional do Caminho Sinodal, arcebispo de Modena-Nonantola e bispo de Carpi, durante a sua introdução. Castellucci apresentou as Proposições, uma síntese concreta do caminho iniciado em 2021 e sua ¡°fase profética¡±, e que serão votadas em 3 de abril pela assembleia, que irão recuperar a riqueza dos textos anteriores, os Lineamenti e o Instrumento de Trabalho, para favorecer o discernimento final confiado aos bispos.

Dos Lineamenti à Assembleia dos Bispos em maio

Trata-se, explicou Castellucci, de ¡°propostas¡± - intencionalmente sintéticas - cuja prioridade é ¡°a missão no estilo da proximidade, que se torna um apelo à conversão pessoal e comunitária, através da formação e da corresponsabilidade¡±. Linhas operacionais que exprimem as escolhas surgidas no caminho comum, relativas às três dimensões da conversão pastoral, segundo a estrutura indicada pelos Lineamenti e pelo Instrumento de Trabalho. A renovação missionária da mentalidade eclesial e das práticas pastorais, a formação missionária dos batizados na fé e na vida e, finalmente, a corresponsabilidade na missão e na liderança comunitária. Serão então os bispos, na Assembleia da CEI em maio, que indicarão as diretrizes para as escolhas a serem feitas primeiramente nas Igrejas locais, mas também nos órgãos e serviços da CEI, para apoiar e coordenar a conversão sinodal e missionária das diferentes realidades eclesiais na Itália.

Tudo está conectado

¡°A verdadeira profecia hoje - lembrou o bispo presidente do Comitê Nacional do Caminho Sinodal - é a escolha de afirmar na vida e nas palavras o Evangelho integral, mostrando que 'tudo está conectado'¡±. Que a pessoa humana ¡°deve ser preservada tanto em sua dignidade individual, inviolável e indisponível, que a torna sujeito de direitos, quanto em sua vocação relacional, que lhe atribui deveres para com a sociedade¡±. E que essa dignidade ¡°nos leva a respeitar da mesma forma a vida nascente e a vida moribunda, assim como a vida dos necessitados e dos migrantes¡±, bem como ¡°que o cuidado com a paz e a criação vive da mesma lógica que o cuidado com a família e a educação¡±.

O programa da II Assembleia Sinodal

O dia de terça-feira, 1º de abril, após a missa celebrada na Basílica de São Pedro, será dedicado à discussão na assembleia e, à tarde, após a transferência para o Hotel Ergife, à discussão sobre o texto das Proposições nos grupos de trabalho, que continuará também na manhã de quarta-feira, 2 de abril. Às 15h30min do dia 2 de abril, os participantes se reunirão na Aula Paulo VI, de onde, após um momento de reflexão com alguns testemunhos, terá início a Peregrinação do Jubileu à Basílica de São Pedro: aqui, depois de passar pela Porta Santa, será celebrada a Missa às 17h30min. Na quinta-feira, 3 de abril, o texto das Proposições será apresentado, votado e entregue aos bispos. A celebração eucarística na Basílica de São Pedro, às 13 horas, concluirá a II Assembleia Sinodal.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

01 abril 2025, 10:03