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Abertura dos trabalhos do encontro de assessores jur¨ªdicos. Abertura dos trabalhos do encontro de assessores jur¨ªdicos. 

CNBB: Encontro Nacional de Assessores Jur¨ªdicos das Dioceses

Teve in¨ªcio na manh? de ter?a-feira, 8 de novembro, o primeiro Encontro Nacional dos Assessores Jur¨ªdicos das Dioceses (ENAJD), promovido pela Confer¨ºncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Silvonei José - Brasilia - Vatican News

Segundo dia de trabalhos do primeiro Encontro Nacional dos Assessores Jurídicos das Dioceses (ENAJD), promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e que se realiza em Brasilia, numa das sedes da CNBB. O evento que teve início ontem e que conta com a participação de mais de 200 profissionais do Direito que atuam nas Igrejas particulares do país e segue até o dia 10 de novembro teve a abertura dos trabalhos desta quarta com a presença do núncio apostólico no Brasil dom Giambattista Diquattro.

A iniciativa, preparada para 2020, não pôde ser efetivada antes em razão da pandemia. ¡°Agora, com um pouco mais de segurança sanitária e acolhendo diversas solicitações, chegou a hora de o concretizar¡±, afirma o secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado. 

Dom Joel explica que o encontro é destinado, exclusivamente, a advogados que atuam junto às dioceses. Nele serão tratadas as principais questões jurídicas que atualmente estão desafiando a missão desses agentes.

Encontro assessores jurídicos: foto CNBB
Encontro assessores jurídicos: foto CNBB

Temáticas

As temáticas a serem abordadas serão: Relação Estado e Igreja; Questão tributária; Questões trabalhistas; Questões Urbanísticas; Questão da personalidade jurídica das organizações religiosas; Responsabilidade civil das organizações religiosas; Relevância Jurídica dos Novos Mecanismos de Escrituração Contábil; Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais ¨C Aspectos Gerais de Interesse da Igreja, entre outros.

A iniciativa está sendo realizada no Auditório S. João XXIII, localizado na Asa Norte, em Brasília (DF), e conta com a participação de conferencistas que representam os três poderes da República, o Ministério Público, a advocacia e outros estudiosos das matérias. 

Na abertura das atividades nesta terça-feira, estiveram presentes o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, e a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia Antunes Rocha, que proferiu a aula magna. De acordo com a organização do evento, são 203 advogados representantes de mais de 120 dioceses do Brasil.

No início do encontro, foi exibido o vídeo de saudação do arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Ele destacou que cada especialista no campo das leis ¡°é protagonista na promoção da justiça, que é essencial à paz¡±.

¡°Por isso mesmo, todos que integram o campo jurídico devem investir sempre e cada vez mais no conhecimento das leis, da realidade social e, particularmente, do atual contexto eclesial¡±, afirmou dom Walmor.

Em sua fala, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, recordou os desafios que batem às portas da Igreja no âmbito do Direito. Nesse contexto, ¡°na medida em que o mundo caminha e as realidade se transformam, surgem questões para as quais as respostas com que estamos acostumados se mostram cada vez mais insuficientes¡±.

Dom Joel e a ministra Cármen Lúcia: foto CNBB
Dom Joel e a ministra Cármen Lúcia: foto CNBB

Presidente da OAB, Beto Simonetti; secretário-geral da CNBB, dom Joel Amado; ministra Cármen Lúcia; e assessor jurídico da CNBB, Hugo Cysneiros | Foto: Assessoria de Comunicação CNBB/Luiz Lopes Jr

E destacou que a especificidade jurídica da Igreja não a exime de responder adequadamente às exigências jurídicas da sociedade em que ela se encontra. ¡°Não fosse por outro motivo, nós temos a nos cobrar o Evangelho por motivo do testemunho. Seria inócuo a gente, da parte da Igreja, cobrar, por exemplo, justiça, probidade, se ela mesma não desse testemunho desses valores¡±, salientou.

Dom Joel ainda destacou uma frase do Papa Francisco na qual ele descreve os profissionais do Direito como ¡°anjos da guarda que Deus enviou¡±. Assim, ressaltou o próposito de continuar a contar com a solicitude dos profissionais e a intenção da Conferência em manter o contato com as assessorias e reuní-las ¡°no enfrentamento das questões emergentes, gerando nesse ponto esse intercâmbio de compreensões e soluções¡±, num processo de aprendizado que irá contribuir para a Igreja no Brasil.

O presidente da OAB, Beto Simonetti, disse ser uma ¡°imensa honra¡± participar do primeiro Encontro Nacional de Assessores Jurídicos de Dioceses. ¡°Oportunidade solene para a advocacia brasileira reunir grandes profissionais que estão na linha de frente da luta pela cidadania e pela justiça em nosso país¡±, descreveu.

Compromisso com o direito em benefício de todos

Em seu pronunciamento, a ministra Cármen Lúcia destacou sua relação de cinco décadas com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), na qual é professora. Ali, ela pôde nutrir desde a sua formação o compromisso com o Direito em benefício de todos. E essa foi a base de sua reflexão apresentada aos advogados presentes, na relação do direito com a garantia dos direitos humanos e na promoção da humanização na sociedade.

Citando Carlos Drummond de Andrade, contextualizou o ¡°tempo de partido, tempo de homens partidos¡± e a presença dessa reflexão no momento atual. ¡°As leis não bastam, porque há perguntas inéditas na humanidade e o direito não tem respostas prontas. Esse é o desafio, mas também a possibilidade de nós recriarmos, reinventarmos como seres humanos¡±.

A ministra também citou o jurista Gerson de Britto Mello Boson, que em um de seus textos lamentava a negação do ser humano de sua essência, ao se desumanizar. ¡°Hoje, eu sou juíza de um Brasil de muitas humanidades. E eu tenho uma constituição, uma ideia de justiça para fazer cumprir num Brasil de muitas humanidades, mas de muitas e terríveis desumanidades¡±, sublinhou.

Abordando a importância do Estado Democrático de Direito e a atuação da advocacia para a garantia do mesmo, Cármen Lúcia passou por momentos históricos na realidade jurídica brasileira até chegar ao processo constitucional da década de 1980. Ali foi pensado o direito constitucional ¡°para garantir um pantamar de mínimo existencial para todas as pessoas e de chegar a um patamar civilizatório que a humanidade já tinha conseguido conquistar¡±.

A Constituição de 1988, então teve como princípio mais importante o da dignidade humana. Nesse sentido, há a compreensão de que o ser humano não é só matéria, mas também espírito, destacou. ¡°A concretização desses princípios é obrigatória para todo mundo. E para as instituições da sociedade também¡±, disse.

E é nesse contexto que a ministra destacou a importância de garantir a liberdade de crença para o povo brasileiro. ¡°A garantia da liberdade constitucional à inviolabilidade da crença é essencial para que nós tenhamos uma sociedade que não se desumanize. Nós temos que trabalhar no sentido de construir um direito cada vez mais humanizado e coerente com o que o ser humano precisa em sua integralidade¡±, afirmou.

Ao final de sua exposição, a ministra Cármen Lúcia citou Cecília Meireles para vislumbrar o futuro ¨C ¡°que tempos chegam depois de tão dura prova?¡±. E denunciou as desigualdades presentes no país:

¡°Só o corpo não basta, só riqueza material não basta. E a desigualdade que leva alguém a ter fome num país que tem terra, que tem chão, que tem sol, que tem água, é uma desumanidade da qual todos nós aqui somos cúmplices, somos corresponsáveis. É preciso saber que a humanidade só sobreviverá quando ela guarnecer e fizer frutificar o que melhor ela tem na sua alma. Por isso que eu continuo acreditando que nós precisamos da inviolabilidade da crença para fazer verdadeira em cada um de nós a fé que deseja professar¡±.

Foto: Assessoria de Comunicação CNBB/Luiz Lopes Jr

Fonte: CNBB

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09 novembro 2022, 12:00