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S?o Jos¨¦ de Anchieta S?o Jos¨¦ de Anchieta  

Anchieta: o Santo que amou o Brasil

Anchieta n?o tinha apenas uma nacionalidade, foi espanhol, ±è´Ç°ù³Ù³Ü²µ³Ü¨º²õ, brasileiro, ind¨ªgena. Tendo bebido da fonte carism¨¢tica da Companhia de Jesus, o mission¨¢rio proveniente das Ilhas Can¨¢rias sabia muito bem que sua casa era o mundo. Mas, ao mesmo tempo, era inteiramente brasileiro.

Bruno Franguelli, SI - Vatican News

Tendo bebido da fonte carismática da Companhia de Jesus, José de Anchieta sabia muito bem que sua casa era o mundo. Mas, ao mesmo tempo, era inteiramente brasileiro. Deixou-se adotar pelo Brasil. Na Terra de Santa Cruz nunca se sentiu estrangeiro e jamais foi tratado como tal. Seu sagrado respeito pela cultura indígena e sua capacidade de apreciar os aspectos belos dos costumes dos nativos foi um portento no processo da inculturação do Evangelho em terras brasileiras.

Não é possível relatar algo sobre a vida e a obra de São José de Anchieta sem invocar o fogo. Isso porque o jesuíta, ainda jovem, deixou-se queimar pelo mesmo fogo do Evangelho que ardia no coração de seu primo, Inácio de Loyola, que ao abençoar os jesuítas que partiam em missão afirmava: ¡°Ite inflamate omnia!¡± (Ide e incendiai todas as coisas!). E este é o mesmo fogo que séculos mais tarde, outro jesuíta, Telhard di Chardin iria invocar sobre a humanidade afirmando:

Um dia, quando tivermos dominado os ventos, as ondas, as marés e a gravidade, utilizaremos as energias do amor. Então, pela segunda vez na história do mundo, o homem descobrirá o fogo.

São José de Anchieta
São José de Anchieta

Deus, nas Sagradas Escrituras, ao revelar-se ao ser humano, mostrou-se como fogo na sarça que não se consumia; apareceu como fulgor na potente coluna que iluminava o povo perseguido no deserto na noite escura; fez-se calor no derramamento do Espírito em Pentecostes. Neste sentido, escutar o Evangelho é deixar-se orientar por este mesmo fogo abrasador e deixar-se guiar por ele, como fez José de Anchieta. Jovem ainda, não temeu o furor do fogo; enfermo, lançou-se à fornalha daqueles que deixavam tudo para abraçar o desconhecido: o mundo que se descortinava.

O poeta Castro Alves, que conseguiu traduzir em versos as dores dos brasileiros e denunciava a escravidão no Brasil, sobre Anchieta e demais jesuítas da Terra de Santa Cruz, poetizou:

Se aqui houve cativos ¡ª eles os libertaram.  
Se aqui houve selvagens ¡ª eles os educaram.  
Se aqui houve fogueiras ¡ª eles nelas sofreram.  
Se lá carrascos foram ¡ª cá mártires morreram.  
Loyola ¡ª aqui foi Nóbrega, Arbues ¡ª foi Anchieta! 

Anchieta não tinha apenas uma nacionalidade, foi espanhol, português, brasileiro, indígena. Tendo bebido da fonte carismática da Companhia de Jesus, o missionário proveniente das Ilhas Canárias sabia muito bem que sua casa era o mundo. Mas, ao mesmo tempo, era inteiramente brasileiro. Deixou-se adotar pelo Brasil. Na Terra de Santa Cruz nunca se sentiu estrangeiro e jamais foi tratado como tal.

O sagrado respeito de Anchieta pela cultura indígena e sua capacidade de apreciar os aspectos belos dos costumes dos nativos foi um portento no processo da inculturação do Evangelho em terras brasileiras. Foi acolhido, amado e venerado pelos indígenas porque deles foi seu exímio protetor. Jamais obrigou os indígenas a aprender a língua dos colonizadores. Ele fez questão de aprender a língua mais falada no Brasil até então conhecido, o Tupi, e falava o idioma fluentemente. O jesuíta escreveu também a primeira gramática do idioma indígena para que outros missionários também o aprendessem. De fato, até a expulsão da Companhia de Jesus do Brasil, em 1759, em todas as casas e colégios dos jesuítas, se falava o tupi.

Além de gramático, Anchieta foi fundador de cidades, poeta, teatrólogo, mas acima de tudo conservou a oração constante, a mansidão, a obediência, a humildade, a pobreza, a sua consagração e a confiança em Deus. José de Anchieta deixou-se queimar pela força do Evangelho, sem medo! De modo semelhante o Papa Francisco afirmou na Missa em agradecimento pela canonização do Apóstolo do Brasil:

Anchieta não teve medo da alegria, esta foi a sua santidade!

Hoje, ao celebrar a memória de São José de Anchieta, somos convidados a deixar-nos queimar pelo mesmo fogo que abrasou o coração do Apóstolo e Padroeiro do Brasil.

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09 junho 2022, 09:36