Mais um massacre em S?o F¨¦lix do Xing¨²
Padre Modino - CELAM
Mais um massacre na Amazônia, desta vez as vítimas fazem parte de uma família de camponeses: são eles, José Gomes, conhecido como Zé do Lago, de 61 anos, sua esposa Marcia Nunes Lisboa, 39 anos, e sua filha Joane Nunes Lisboa, 17 anos. No último domingo, 9 de janeiro, seus corpos foram encontrados na propriedade familiar, no município de São Félix do Xingu, Pará.
A suspeita é que eles, que moravam no local há mais de 20 anos e desenvolviam trabalhos de preservação da floresta e mantinham um projeto de reprodução de tartarugas, tenham sido executados a mando de alguém, dado que no local foram recolhidas 18 cápsulas das armas usadas no assassinato, não foi levado nenhum pertence da família e não deixaram escapar ninguém.
Em nota pública, que tem por título ¡°Mais um massacre no campo não pode ficar impune!¡± a Comissão Pastoral da Terra - CPT Regional Pará e a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos ¨C SDDH, denuncia o crime e a situação que se vive na região. A nota conta com o apoio de 51 entidades e movimentos, dentre eles a Prelazia do Alto Xingu-Tucumã, o Comitê Dorothy, a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Santarém, a Rede Eclesial Pan Amazônica- REPAM Brasil, a Diocese de Xingu ¨C Altamira e o Comitê REPAM Xingu.
A família vivia dentro da Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingú, uma área de preservação com mais de 1,5 milhões de hectares. Segundo a nota, ¡°nos últimos anos o desmatamento para exploração de madeira e criação extensiva do gado, tem avançado de forma descontrolada dentro da reserva, se aproximando cada vez mais da região onde a família de Zé do Lago tinha sua propriedade¡±.
Os conflitos fundiários graves são algo comum no município de São Félix do Xingu, situações ¡°resultantes de ações de grilagens de terras públicas, desmatamento ilegal voltado à atividade da pecuária extensiva, invasões de terras indígenas e áreas de preservação, além da instalação de garimpos ilegais¡±, o que provocou o assassinato de 62 lideranças nos últimos anos, chacinas e trabalho escravo, que tem ficado impunes.
A nota denuncia ¡°as limitações dos órgãos de segurança pública do Estado em esclarecer as responsabilidades e causas de muitos assassinatos ocorrido no campo paraense¡±, mostrando vários exemplos disso e de como os mandados de prisão decretados contra executores e mandantes de assassinatos no campo, não são cumpridos.
A preocupação é que ¡°esse possa ser mais um caso em que as verdadeiras causas que motivaram os crimes não sejam esclarecidas e os responsáveis permaneçam impunes¡±, pedindo os assinantes da nota que ¡°o caso seja rapidamente esclarecido¡±, e ¡°que seja garantida a segurança e proteção para familiares e testemunhas que possam ajudar com informações para esclarecer os crimes¡±.
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