Patriarca de Lisboa/±ð³Ü³Ù²¹²Ô¨¢²õ¾±²¹: Assembleia da Rep¨²blica ¡°decidiu mal¡±
Domingos Pinto ¨C Lisboa
¡°Infelizmente, anteontem, a nossa sede legislativa decidiu mal, em relação à eutanásia, que quer dizer, em relação ao cuidado da vida que todos merecem, em qualquer circunstância, da conceção à morte natural¡±.
O desagrado expresso pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, na homilia da Missa do IV Domingo do Tempo Comum, na Igreja de Cristo Rei da Portela, a propósito da legalização, a 29 de janeiro, da eutanásia e suicídio assistido em Portugal.
¡°Olhando bem a realidade da pessoa que, eventualmente peça para pôr fim à sua vida ou que o ajudem a pôr fim à vida, não está apenas essa pessoa, está tudo aquilo que ela transporta de desespero, da situação que sofre e que precisa de ser socorrido com tudo aquilo que a sociedade lhe deve dar ¨C antes de mais, isso mesmo: ¡®sociedade, solidariedade, presença, convivência¡¯, disse o prelado na homilia desta eucaristia transmitida pela RTP1.
O Patriarca pediu que os cuidados paliativos ¡°sejam uma realidade difundida amplamente em todo o território nacional¡±, e lembrou que esta decisão não teve sequer em conta os pronunciamentos contra a eutanásia que foram feitos por ¡°milhares de pessoas¡±, entre associações profissionais e ¡°sociedade em geral¡±.
¡°Ao princípio, é apenas para casos muito excecionais ¨C como a própria legislação aprovada diz - mas, a pouco e pouco, essa pequena frincha tornou-se uma porta escancarada¡±, disse D. Manuel Clemente referindo-se a nações que ¡°em dez anos¡±, sofreram um aumento de 700% no número de casos.
¡°Uma exceção tornou-se quase regra. É, efetivamente, uma rampa deslizante que devia ter sido levada em conta numa consciência mais informada para que a decisão fosse mais certa. E não foi tida conta¡±, lamentou o prelado que entende que a lei aprovada ¡°não conjugou todos os elementos que devia ter conjugado numa consciência mais plena e fortalecida¡±.
D. Manuel Clemente deixou ainda uma palavra de esperança considerando que é possível reverter esta decisão, ¡°quer pelo esclarecimento mais apurado¡±, ¡°pela participação mais ativa na legislação¡±, nos apelos às ¡°instâncias que ainda se têm de pronunciar¡±, pela ¡°própria consciência que, na sua objeção, se deve ativar¡± e pelo respeito da Constituição da República Portuguesa que diz ¡°taxativamente¡± no artigo 24 que ¡°a vida humana é inviolável¡±.
¡°Os constituintes quiseram que o artigo ficasse assim, incisivo e direto, para que não fosse sujeito a acomodações ou a sofismas¡±, afirmou o Patriarca de Lisboa.
¡°Com Deus, nós também não desistimos para responder a todos os dramas humanos e às tragédias de cada um com uma solidariedade plena, com todos os recursos técnicos de que dispomos e que devem ser oferecidos e com esta consciência ativa de que uma sociedade não dispensa ninguém¡±, concluiu.
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