Bispo de Campos destaca desigualdades sociais
Ricardo Gomes ¨C Diocese de Campos
Nas cidades do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro a pandemia já mostra os efeitos na economia e está crescendo as desigualdades sociais. As populações vulneráveis aumentam a cada dia: moradores de rua, a pobreza que torna visível num cenário de mortes. O bispo de Campos e Referencial da Pastoral Política do Regional Leste 1 denuncia a necessidade de políticas públicas que ajudem as pessoas a superarem este tempo de incertezas.
Dom Roberto Francisco ressalta que a pandemia escancarou a desigualdade social perversa e persistente que aumentou a miserabilidade, a população sem teto e em situação de rua, além de expor as comunidades da periferia à contaminação da Covid-19 pela precariedade das moradias, a falta de saneamento básico e a chaga do desemprego ou trabalho informal sem remuneração suficiente. Tudo isto mostra às claras a impossibilidade de fazer acontecer o isolamento social e as precauções de ordem sanitário que preservam vidas.
¡°O poder público tanto em nível estadual como municipal, não conseguiu integrar e incluir em políticas públicas e redes de proteção de modo satisfatório ou regularmente aceitável, as populações vulneráveis já citadas. Pelo que ficam demandas sérias e graves, atendidas em parte e de forma espontânea e generosa pelas entidades civis do terceiro setor e as pastorais sociais das Igrejas e Comunidades eclesiais. Este débito será cobrado nas eleições 2020, que devem escolher gestores públicos mais sensíveis e compassivos para com o povo sofredor e oprimido pela pandemia e miséria imperante¡±, observa dom Roberto.
E destaca que a Igreja como Mãe e Advogada dos pobres é chamada a multiplicar gestos de caridade transformadora que atendam o aspecto emergencial e urgente, mas não deixem de trabalhar a emancipação social em termos de cidadania, promovendo as populações vulneráveis em sujeitos e atores de seu próprio destino e esperança.
¡°Estabelecendo centros referenciais nos quais esta população possa se encontrar, partilhar e resgatar a consciência de ser gente. Escutar e dialogar ativamente com esta população ajudando-a a organizar-se, a efetivar seus direitos e a retomar a vida em suas mãos. É importante perceber que a troca de saberes, a partilha das vivências e a inserção cordial e amiga com esta população, farão maravilhas, dando um rosto humano as nossas cidades¡±, destaca.
Pandemia revelou as faces das desigualdades sociais
A pandemia revelou as faces das desigualdades e da exclusão social. Moradores de rua passaram a ser percebidos nas grandes cidades. E famílias estão sofrendo com a falta de políticas públicas de saúde. As medidas que estão sendo tomadas para conter a proliferação da Covid-19 destacam cada vez mais o impacto sofrido pelas camadas mais pobres. Trabalhadores informais e a decadência de empresas que comecem a demissão de funcionários gerando crise econômica em todos os países. Para dom Roberto Francisco é urgente a uma política governamental para ajudar a minimizar os efeitos do isolamento social, medida necessária para preservar a vida.
¡°Por certo as estratégias que foram arquitetadas para vencer o coronavírus foram as mais racionais e mais razoáveis e testadas cientificamente, mas ao mesmo tempo na aplicação já percebemos as desigualdades. Não é o mesmo de ir a um hospital de campanha que ir ao Sírio Libanês, um hospital particular e o mesmo de fazer o isolamento numa casa com todos os recursos como numa comunidade onde as famílias moram em casas com poucos quartos sem saneamento básico¡±, destaca dom Roberto Francisco.
A situação alarmante num tempo de incertezas desponta para moradores de rua, que vivem as vulnerabilidades sociais, e antes invisíveis passam a apresentar à sociedade a ampliação das desigualdades sociais. Dom Roberto Francisco avalia estes problemas que são agravados neste tempo de pandemia do coronavírus.
¡°Além dos moradores de rua, trabalhadores de ruas que são menos favorecidas e carentes de serviços sociais. Para elas enfrentar o Coronavirus é uma batalha muito maior, mais difícil. O Estado tem a missão de redistribuir a renda e de colocar as pessoas numa situação de paridade. Eu não diria que seria a política da pós-pandemia, pois essa pandemia deve continuar, mas será a questão dos meses imediatos porque três milhões de trabalhadores ficarão sem empregos e o trabalho precário vai continuar, mas sem êxito e o sucesso a uberização e o trabalho formal sem o comercio o mercado não tem como subsistir. A solução é trabalhar as redes de proteção social, mas ao mesmo tempo mobilizar as pessoas para que através do voto e da consciência, da educação política possam se tornar protagonistas de mudanças e da criação de um Estado comunitário que cuide das pessoas, um Estado social que privilegie o trabalho sobre o capital e o social sobre o econômico, porque senão haverá outros coronavírus que vão continuar dizimando a população dos pobres¡±, pontua o bispo.
Fotos: Genilson Pessanha (Folha da manhã)
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