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O Brasil ultrapassa 81 mil mortos e 2,1 milh?es de infectados por Covid-19 O Brasil ultrapassa 81 mil mortos e 2,1 milh?es de infectados por Covid-19 

¡°? uma grande contradi??o: pessoas morrem na Amaz?nia por falta de oxig¨ºnio¡±, afirma bispo do Acre

Comunicado divulgado pela diocese de Rio Branco nesta semana confirma que as igrejas permanecem fechadas at¨¦ ¡°a hora mais segura para darmos o passo de reabertura¡±. Em entrevista ao Vatican News, o bispo dom Joaqu¨ªn Pert¨ª?ez descreve o triste cen¨¢rio vivido na regi?o e lamenta: ¡°o mais absurdo de tudo ¨¦ ter que dizer, com muita tristeza, que muitas pessoas morreram na Amaz?nia por falta de oxig¨ºnio. ? uma grande contradi??o, al¨¦m da impot¨ºncia que se sente sem UTIs, ventiladores, equipamentos de prote??o, rem¨¦dios, testes, enfim, ¨¦ muito dif¨ªcil.¡±

Andressa Collet ¨C Vatican News

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Mais um comunicado divulgado pela diocese de Rio Branco, no Acre, confirma que as igrejas permanecem fechadas até ¡°a hora mais segura para darmos o passo de reabertura¡±. A mensagem, divulgada na última segunda-feira (20), foi embasada numa ¡°difícil decisão¡± e com manifestação ponderada e pela segurança dos católicos que somam mais de 51% da população do Acre. Além disso, ¡°o ¡®efeito sanfona¡¯ de abrir e depois ter que fechar, poderá trazer perdas irreversíveis para o nosso povo¡±.

A Igreja doméstica na prática

¡°Estamos todos cansados e ansiosos¡±, prossegue a nota. Já são 4 meses de igrejas fechadas e atividades paroquiais presenciais suspensas em respeito às normas sanitárias e de isolamento social. Porém, é um incentivo ¡°à vivência da fé como Igreja doméstica, que tantas vezes falamos e pregamos e que agora é o momento de colocar em prática¡±, afirma o bispo de Rio Branco, dom Joaquín Pertíñez, que acrescenta:

¡°Fomos muito criticados, e continuamos sofrendo, vendo os nossos templos fechados, mas nós sempre falamos que a vida está acima de tudo. Continuamos com as igrejas fechadas, não sabemos até quando, com sérios prejuízos também para nós. No total, a economia não se salvou e a linha de crescimento de contagiados e de mortos não para de crescer, a curva só aponta para o alto, não se inclina de jeito nenhum. Nestes dias os números são assustadores, tudo muito preocupante.¡±

O Acre já contabiliza quase 18 mil pessoas testadas positivas para o coronavírus e mais de 470 as que morreram vítimas da doença. As missas, transmitidas diariamente ao vivo, através de diferentes plataformas on-line, são uma forma de incentivar as pessoas a ficarem em casa, apesar de muitos agirem de maneira ¡°irresponsável, não obedecendo as normas dos governos¡±, alerta o bispo.

O apoio institucional com hospital filantrópico

O Hospital Santa Juliana, entre as obras sociais da Igreja local, também é um apoio para mitigar os efeitos da pandemia já que é o único da região habilitado para a alta complexidade. Dom Joaquín explica que, desde o início da pandemia, colocou a instituição a serviço do governo, de forma gratuita, para os casos de Covid-19, através dos 20 leitos da UTI ¨C recém-inaugurada, com aparelhos provenientes dos Estados Unidos e que tem parceria com a Faculdade de Medicina da Uninorte. 

¡°Mas o governo preferiu construir e habilitar outros espaços para atender pacientes com Covid-19. Com certeza muitas mortes teriam sido poupadas e evitadas se se fosse dada essa assistência desde a nossa UTI. Mas nós não podemos decidir sobre essa questão. Continuamos atendendo o máximo possível e dentro das nossas limitações o máximo possível de pacientes, de pobres e necessitados, inclusive também indígenas, mas, nossas condições econômicas estão chegando ao limite. Não estamos suportando mais por ser um hospital filantrópico.¡±

A instituição tem sofrido com a alta demanda, os gastos com fornecedores de materiais e o problema dos médicos que não estão querendo trabalhar na UTI. ¡°Precisamos de ajuda para poder continuar essa missão em favor dos mais desfavorecidos¡±, desabafa o bispo.

O desafio dos migrantes em meio à pandemia

Outro grande desafio apontado por dom Joaquín é a questão migratória, já que a região se encontra na Tríplice Fronteira, entre o Brasil, Peru e Bolívia. O Acre recebe muitos haitianos, nigerianos e venezuelanos que, diante da crise econômica e social atual, estão querendo voltar ao país de origem e encontram as fronteiras fechadas. ¡°Nem os peruanos estão podendo entrar no país deles¡±, acrescenta o prelado, e os governos municipais não têm ¡°condições de enfrentar tantos desafios¡±. A Igreja, assim, procura trabalhar com voluntários para amenizar a situação:

¡°O mais absurdo de tudo é ter que dizer que, com muita tristeza, muitas pessoas morreram na Amazônia por falta de oxigênio. É uma grande contradição e algo muito triste ver e saber tudo que está acontecendo ao nosso redor. E a impotência que se sente diante deste problema, deste grande desafio, sem UTIs, sem ventiladores, sem equipamentos de proteção, sem remédios, sem testes, enfim, é muito difícil.¡±

São os migrantes, os pobres, os indígenas, os mais vulneráveis e que mais sofrem com as consequências da pandemia, que também ¡°não faz distinção de raça e status social¡±. O reflexo da grave crise econômica, que acompanha aquela sanitária, não está sendo ignorada pela Igreja que tem atuado diretamente com ações solidárias:

¡°Então, depois do coronavírus, chegou outro vírus aqui: o da fome. Não sei se é melhor ou pior, mas é terrível a fome na vida do povo. Muito desemprego, muitas famílias sem o mínimo para sobreviver. Graças a Deus começou também a aparecer muita solidariedade em favor dos mais necessitados que são atendidos pelas Caritas paroquiais, fazendo o possível, já que não podemos chegar a todos. Mas estão surgindo muitos gestos heroicos em favor da superação desta crise. Até já faleceu um agente de pastoral da Cáritas das nossas paróquias..."

¡°A gente faz o que pode, que pode ser só uma gota no meio do oceano da Selva Amazônica, da floresta que nos rodeia.¡±

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22 julho 2020, 12:25