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Ind¨ªgena da comunidade Sater¨¦ Maw¨¦, em Manaus Ind¨ªgena da comunidade Sater¨¦ Maw¨¦, em Manaus 

Covid-19: Igreja de Manaus denuncia neglig¨ºncia no atendimento aos ind¨ªgenas da cidade

Uma nota p¨²blica conjunta da Arquidiocese de Manaus, Copime, Sares e Olma solicita aos ¨®rg?os p¨²blicos a obrigatoriedade para distinguir as popula??es que vivem em aldeias e no per¨ªmetro urbano de Manaus. Em tempos de pandemia, a identifica??o n?o limitaria o acesso ¨¤s pol¨ªticas p¨²blicas de sa¨²de para quem reside numa aldeia e daria melhor atendimento aos ind¨ªgenas da cidade, que inclusive seriam identificados nas estat¨ªsticas de cont¨¢gio e mortes por Covid-19.

Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano

¡°Essa pandemia trouxe esse lado de muito preconceito contra os indígenas que hoje vivem na cidade. Nem ao menos eles podem morrer e ser identificados quanto indígenas. Eles são identificados como não-indígenas.¡±

A declaração é de Marcivana Sateré Mawé, coordenadora da , que também faz parte da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime). Segundo os dados oficiais de Covid-19 divulgados nesta segunda-feira (27) pelo , a Arquidiocese de Manaus registra o pior cenário da Região Pan-Amazônica que envolve 9 países: já são 2.935 pessoas testadas positivas para o vírus e 267 as que morreram vítimas do coronavírus.

A situação da saúde pública dos indígenas nesse contexto, visto que o Amazonas concentra a maior população indígena do Brasil, acaba se revelando ¡°dramática¡± e ¡°a mais fragilizada do país¡±, como afirma uma e assinada pela Copime, pela Arquidiocese de Manaus, pelo Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental () e pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (). Somente os povos que vivem nas aldeias estão sendo cobertos pelas políticas públicas de saúde ¨C e, assim, fazem parte dos números oficiais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai); aqueles que moram na cidade de Manaus e fazem parte da população urbana ficam desprovidos de assistência pública.

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A situação dramática dos povos de Manaus

Segundo dados da Copime, Manaus conta hoje com cerca de 35 mil indígenas, provenientes do próprio estado do Amazonas, de outras regiões do Brasil e também de fora do país. Eles estão organizados em 54 comunidades, ocupações e assentamentos localizados no perímetro urbano, fazem parte de 45 povos diferentes e falam 15 línguas só na cidade de Manaus.

¡°Todos esses povos estão muito vulneráveis ao Covid-19. Primeiro pela situação de extrema vulnerabilidade social em que vivem os nossos povos indígenas aqui em Manaus. Segundo: a gente tem o outro problema que é a política de saúde para os povos indígenas no Brasil. Nós temos a Secretaria Especial de Saúde Indígena que faz parte do SUS, mas é uma secretaria cuja política foi voltada apenas para atendimento dos povos indígenas aldeados. Então, os povos indígenas que vivem na cidade ficam descobertos dessa política. O atendimento aos indígenas aqui na cidade fica invisibilizado pelo Sistema de Saúde do município, que não o identifica como indígena¡±, afirma Marcivana.

Região Norte: 16 indígenas vítimas de Covid-19

A coordenadora da Pastoral declara que o movimento indígena tem feito a própria identificação dos óbitos por Covid-19 na região Norte do país. Até esta terça-feira (28), com recente atualização, são 16 os indígenas que faleceram, vítimas da doença: 2 no Pará, 1 em Roraima e 13 no Amazonas. A maioria deles vivia na cidade de Manaus e não entrou nas estatísticas oficiais da Sesai, que ¡°fala apenas em quatro indígenas. Tem uma diferença muito grande¡±, alerta Marcivana, que acrescenta:

¡°A nossa luta da Copime é justamente para que se torne obrigatória essa identificação dos indígenas na cidade. Então, a gente tem indígenas que hoje vão buscar atendimento nos postos de saúde, nos hospitais, nas UBSs e o sistema não os identifica como indígena; assim como a gente também tem indígenas internados por Covid-19 nos hospitais aqui de referência e eles não são identificados.¡±

¡°A nossa luta é para que, de fato, haja uma divulgação desses dados oficiais, incluindo os indígenas que estão na cidade, não apenas os aldeados, como é a política da Sesai.¡±

No site do Ministério da Saúde, a para prevenir o coronavírus em povos indígenas, veiculada em 10 de abril, afirma que a Sesai produziu e distribuiu vários documentos, ¡°visando o atendimento de quase 800 mil indígenas aldeados em todo o Brasil¡±. Em nota pública e conjunta das organizações da Igreja de Manaus, a solicitação, porém, é para que seja criado e divulgado ¡°um protocolo nacional de enfrentamento do Covid-19 para as populações indígenas em situação urbana¡±, detalhando ¡°ações e responsabilidades nos três níveis de resposta: alerta, perigo iminente e emergência em Saúde Pública¡±. Além disso, pedem a possibilidade de ativar um ¡°hospital de campanha exclusivo para populações indígenas de Manaus, como anunciado pelo Ministério da Saúde e confirmado pela Secretaria de Comunicação do Estado do Amazonas¡±. 

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28 abril 2020, 17:11