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Papa Francisco em Lampedusa, em 8 de julho de 2013 Papa Francisco em Lampedusa, em 8 de julho de 2013 

Acolhimento e inclus?o para migrantes e refugiados

Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados em 2019 alerta para os perigos de uma sociedade individualista e apela ¨¤ integra??o dos migrantes.

Rui Saraiva ¨C Porto

No próximo dia 29 de setembro celebra-se o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. O tema é: ¡°Não se trata apenas de migrantes¡±.

Para preparar esse dia, o Papa publicou nesta terça-feira dia 2 de julho uma vídeo mensagem. Francisco salienta, desde logo, que cada dia que passa é ¡°mais elitista¡± e ¡°mais cruel¡± com os excluídos.

Oiça!

Na sua mensagem o Santo Padre afirma que ¡°os países em desenvolvimento continuam sendo depauperados dos seus melhores recursos naturais e humanos em benefício de poucos mercados privilegiados¡±.

Pobres sofrem consequências das guerras

 

¡°As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados  por tais conflitos¡±. (¡­) ¡°Quem sofre as consequências são sempre os pequenos, os pobres, os mais vulneráveis, a quem se impede de sentar-se à mesa deixando-lhe as «migalhas» do banquete¡± ¨C diz o Papa.

Segundo o Santo Padre, ¡°a Igreja ¡°em saída¡± (...) ¡°sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos¡±. ¡° Aqueles que nós mesmos excluímos como sociedade. O desenvolvimento exclusivista torna os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. ¡±

¡°Verdadeiro desenvolvimento é aquele que procura incluir todos os homens e mulheres do mundo, promovendo o seu crescimento integral, e preocupa-se também com as gerações futuras. O verdadeiro desenvolvimento é inclusivo e fecundo, projetado para o futuro¡± ¨C conclui Francisco na sua vídeo mensagem.

Compaixão para reconhecer o sofrimento

 

A mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado em 2019 salienta o sofrimento dos pobres e dos desfavorecidos. Acentua que ¡°as sociedades economicamente mais avançadas tendem, no seu seio, para um acentuado individualismo¡± e ¡°os migrantes, os refugiados, os desalojados e as vítimas do tráfico de seres humanos aparecem como os sujeitos emblemáticos da exclusão¡±.

Para o Santo Padre, os migrantes e os refugiados são ¡°um convite¡± para ¡°recuperar algumas dimensões essenciais da nossa existência cristã e da nossa humanidade¡±. Em particular, escutar e cuidar para não fazer das ¡°dúvidas¡± e dos ¡°receios¡± um ¡°problema¡±.

O Papa pede que o ¡°medo¡± não impeça os cristãos de fazerem ¡°obras de caridade¡± com os migrantes e os refugiados. E para tal, é preciso assumir o sentimento da ¡°compaixão¡± ¨C escreve o Papa ¨C pois ¡°a compaixão¡± é ¡°um sentimento que não se pode explicar só a nível racional. A compaixão toca as cordas mais sensíveis da nossa humanidade, provocando um impulso imperioso a fazer-nos próximos de quem vemos em dificuldade. Como nos ensina o próprio Jesus, ter compaixão significa reconhecer o sofrimento do outro e passar, imediatamente, à ação para aliviar, cuidar e salvar. Ter compaixão significa dar espaço à ternura¡± ¨C diz o Papa.

Primeiro os últimos

 

Acolher os migrantes e não reprimi-los é desenvolver uma atitude de ¡°igreja em saída¡± ¨C como nos recorda Francisco na sua mensagem ¨C servindo aqueles que sofrem, assumindo nas nossas vidas o seu sofrimento¡±. O Santo Padre recorda as palavras de Jesus no Evangelho de Marcos: ¡°Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo; e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos¡±.

¡°Não se trata apenas de migrantes: trata-se de colocar os últimos em primeiro lugar. Jesus Cristo pede-nos para não cedermos à lógica do mundo, que justifica a prevaricação sobre os outros para meu proveito pessoal ou do meu grupo: primeiro eu, e depois os outros! Ao contrário, o verdadeiro lema do cristão é «primeiro os últimos¡± ¨C escreve o Papa.

Segundo o Evangelho de S. João, Jesus afirma: ¡°Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância¡±. ¡°Nesta afirmação de Jesus, encontramos o cerne da sua missão: procurar que todos recebam o dom da vida em plenitude, segundo a vontade do Pai. Em cada atividade política, em cada programa, em cada ação pastoral, no centro devemos colocar sempre a pessoa com as suas múltiplas dimensões, incluindo a espiritual. E isto vale para todas as pessoas, entre as quais se deve reconhecer a igualdade fundamental¡± ¨C diz o Papa.

Missão da Igreja: acolher, proteger, promover e integrar

 

Para o Papa Francisco, ¡°o desafio colocado pelas migrações contemporâneas pode-se resumir em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Mas estes verbos não valem apenas para os migrantes e os refugiados; exprimem a missão da Igreja a favor de todos os habitantes das periferias existenciais, que devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. Se pusermos em prática estes verbos, contribuímos para construir a cidade de Deus e do homem, promovemos o desenvolvimento humano integral de todas as pessoas e ajudamos também a comunidade mundial a ficar mais próxima de alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável que se propôs e que, caso contrário, dificilmente serão atingíveis. Por conseguinte, não está em jogo apenas a causa dos migrantes; não é só deles que se trata, mas de todos nós, do presente e do futuro da família humana¡± ¨C escreve o Papa na sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado neste ano de 2019.

Francisco afirma na sua mensagem que os ¡°migrantes¡± ¡°ajudam-nos a ler os sinais dos tempos¡±. O Senhor, através dos migrantes, ¡°chama-nos a uma conversão¡± e ¡°convida-nos¡± a ¡°contribuir¡± para um ¡°mundo cada vez mais condizente com o projeto de Deus¡±.

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04 julho 2019, 13:02