Roraima: Mission¨¢rios da Consolata d?o prioridade aos ind¨ªgenas Warao fora do abrigo
Cidade do Vaticano
O missionário da Consolata, pe. Jaime Carlos Patias, acompanha o trabalho junto aos migrantes venezuelanos, em Boa Viata, no Estado brasileiro de Roraima.
O religioso conversou com alguns indígenas Warao, provenientes da Venezuela, que se encontram em Boa Vista.
Wilson Vlademir Cortez chegou há três meses para tratamento médico. Veio com cinco filhos e outros familiares. Eles também estão em baixo de um cajueiro fora do abrigo. ¡°Estou melhorando e aqui estamos esperando que algum dia nos deem a oportunidade de entrar no abrigo¡±.
Segundo os responsáveis pelo abrigo destinado aos indígenas Warao e E¡¯ñepá em Boa Vista, o local está lotado. Os indígenas contestam dizendo que muitos deles saíram abrindo vagas. As informações sobre o número exato de abrigados no bairro Pintolândia são duvidosas. Uma Equipe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no dia 1 de fevereiro, fez um recadastramento e ouviu também mais de 60 Warao que estão fora do abrigo, mas até o fechamento desta matéria não deu nenhuma resposta. As mães e crianças que deveriam ter prioridade no acolhimento, continuam na rua.
Com o início do ano letivo, essas crianças ficarão sem aulas. Elas não podem entrar no abrigo nem para estudar. A situação de vulnerabilidade aumenta os riscos de exploração, uso de drogas, fome e doenças em uma população já ameaçada pelo fato de ser indígena e migrante.
O governo brasileiro concede refúgio aos venezuelanos, mas uma vez no território nacional um bom número deles não encontra acolhida digna. Apenas 6 mil são contemplados com abrigos. Os que ficam de fora estão sujeitos a serem disturbados. Não podem dormir nas praças, parques, em terrenos baldios e em algumas ruas. Sempre tem alguém correndo com eles.
O bebê de Chila, mãe indígena Warao da Venezuela, deverá nascer nestes dias. A família, conforme relatamos no início desta matéria, continua em baixo do cajueiro por que ¡°não há lugar para eles na hospedaria¡±, resalta pe. Jaime.
Equipe Missionária Itinerante
A Equipe Missionária Itinerante dos Missionários da Consolata está dando prioridade a esses indígenas Warao fora do abrigo. A Equipe é uma iniciativa Continental para responder às emergências humanitárias referentes aos migrantes e refugiados. Padre Luiz Carlos Emer, IMC, destaca o cuidado com o povo Warao. ¡°Pela sua história de discriminação, eles preferem viver com o seu grupo e se adaptam melhor ao ambiente fora da cidade, em baixo de uma árvore, no parque onde se sentem mais em casa. A cidade é um ambiente hostil para eles pois perdem muito da sua identidade, mas tentam sobreviver. A questão é como melhor ajudar os indígenas. Uma solução seria conseguir um terreno com maior espaço¡±, sugere padre Emer.
Histórico
As dificuldades enfrentadas pelo povo Warao, segunda maior etnia indígena da Venezuela, são antigas. Desde 1920, ações do Estado e de empresas vem impactando seu modo tradicional de viver. O processo de salinização do rio Orinoco tirou-os de suas terras. Vivendo próximos a vilas e cidades, se tornaram mão de obra barata para a indústria madeireira. Com a ascensão do chavismo passaram a receber auxílios do governo. Quando a economia da Venezuela entrou em colapso, a ajuda cessou e os Warao passaram a depender de cestas básicas. Para um povo que está habituado a migrar a situação de precariedade intensificou o movimento de cidade em cidade inclusive no Brasil. Com a pobreza, a fome apertou. Hoje os Warao e também os da etnia e E¡¯ñepá chegam a Roraima em busca de comida e tratamento de saúde. Eles têm o direito de serem atendidos enquanto imigrantes, mas sobretudo enquanto indígenas.
Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América
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