Padre Jo?o Mometti: 50 anos a servi?o das pessoas com hansen¨ªase
Manuela Castro - Cidade do Vaticano
A hanseníase ainda existe: o Dia Mundial da Hanseníase nos lembra.
Neste 27 de janeiro, celebrou-se o Dia Mundial da Hanseníase 2019. Uma oportunidade para reflexão e captação de recursos, desejada em 1954 por Raoul Follereau, escritor, jornalista e filantropo francês. A doença ainda está presente em 143 países do mundo.
A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença milenar, tão antiga quanto o medo e o preconceito que sempre existiram ao seu redor. Relatos bíblicos tratam a lepra como maldição ou praga. No Antigo Testamento, há um trecho que se refere à Lei dos Leprosos, no capítulo 13 do livro Levítico. Segundo o texto bíblico, o leproso deveria ser isolado, usar roupas rasgadas, andar descabelado, cobrir a parte inferior do rosto e gritar ¡°Impuro¡±.
Ao citar essa passagem, o padre italiano João Mometti lembra que, há 50 anos, quando foi enviado a uma paróquia no interior do Pará, se deparou com o isolamento dos doentes em leprosários, dois mil anos depois dos relatos bíblicos. ¡°Eu quis entrar no leprosário, quis me aproximar dos doentes. Na época me falaram para não ir, disseram que eu era louco. Mas eu nunca tive medo. É preciso acabar com esse estigma contra a doença, que existe até hoje¡±, afirma o padre João.
Ele precisam de ajuda
Hoje os doentes não são mais isolados, não são obrigados a viver longe da família e recebem tratamento de graça. Entretanto, segundo Mometti, ainda precisam de ajuda, não só os que estão se curando como também os que já enfrentaram a doença e sofrem com as sequelas. Por isso, padre João continua trabalhando pela causa da hanseníase na antiga Colônia do Prata, no município de Igarapé-Açu, no Pará. Lá, ainda vivem centenas de ex-pacientes do antigo leprosário, que não tinham aonde ir depois do fim do isolamento compulsório.
¡°Nós ajudamos as pessoas atingidas pela hanseníase como podemos: em alguns casos melhoramos as casas delas, em outros fornecemos água potável. Há uma sinergia entre o nosso trabalho social e o do governo, que fornece os remédios gratuitamente¡±, explica padre Mometti.
Doença bacteriana
A hanseníase é uma doença bacteriana transmitida pelas vias aéreas, por meio da tosse ou do espirro, depois de um contato prolongado com o doente. Os primeiros sinais e sintomas são manchas brancas, avermelhadas ou marrons e a perda de sensibilidade ao toque. Se não for tratada, depois de anos a doença ataca os nervos e pode causar a perda de partes do corpo, como os dedos.
O tratamento é fornecido no Brasil pelo SUS e está disponível em postos de saúde e hospitais públicos de todo o país. Logo nas primeiras doses do medicamento, o doente para de transmitir a hanseníase. Por isso, segundo o padre Mometti, ¡°não há o que temer, temos que ajudar essas pessoas, medo e preconceito são frutos da ignorância¡±.
Brasil, o 2º país no mundo em novos casos
O Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de casos novos de hanseníase por anos, só perde para a Índia. Em 2017, foram notificadas 32.250 pessoas diagnosticadas com a doença. Mas em termos proporcionais ao número de habitantes do país, o Brasil sobe para a primeira colocação mundial em casos novos da doença.
Ouça a entrevista com o padre João Mometti.
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