S¨ªnodo. Enzo Bianchi: ajudemos os jovens a encontrar Cristo
Cidade do Vaticano
¡°Achei muito interessante ouvir as várias situações dos jovens que vivem na Igreja e daqueles que não fazem parte dela. Há realmente um aflato de universalidade no Sínodo¡±: disse em entrevista concedida nos microfones de Rádio Vaticano Itália o fundador da Comunidade monástica de Bose, Enzo Bianchi, auditor na XV assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano até o dia 28 de outubro com o tema ¡°Os jovens, a fé e o discernimento vocacional¡±.
Da Igreja do sofrimento à indiferença em relação a Deus
¡°Aqui se ouvem as situações da Igreja do sofrimento, que vive na hostilidade e na perseguição. E, ao mesmo tempo, a voz de Igrejas que pertencem ao Ocidente em que a visão sobre Deus mudou completamente¡±, explicou Bianchi.
Portanto, continuou, ¡°ouvimos vozes que vêm de jovens que têm sede de Deus, que buscam Deus, para os quais Deus é realmente uma opção decisiva. Já em outros casos temos sobretudo situações em que as pessoas se tornaram indiferentes em relação a Deus, e é muito difícil poder fazer um anúncio do Evangelho¡±.
¡°Nesses casos se tratará de encontrar novos caminhos, mediante sobretudo o anúncio de Jesus Cristo, porque do contrário Deus em si permanece sendo uma palavra muito ambígua, sem interesse para os jovens, sempre mais acostumados a viver como se Deus não existisse¡±, disse ainda.
Encarnar o Evangelho na vida para falar aos jovens
¡°Entre os acolhidos na Comunidade de Bose temos uma grande maioria sobretudo de jovens. Creio ter sido por este motivo que fui convidado para o Sínodo¡±, disse o monge fundador.
¡°A exigência expressa pelos jovens que vêm a Bose é a de ver como a fé pode incidir na vida deles: no cotidiano, em suas histórias de amor, na vida profissional, social. É isso que eles procuram.¡±
¡°Certamente, os jovens hoje não vão imediatamente à busca de Deus, como nós pensamos ou como pensa uma geração como a minha para a qual a busca de Deus era uma sede que habitava em nosso coração¡±, observou.
¡°Se se consegue fazer essa passagem, esse encontro pessoal com Cristo, então o caminho da fé se abre para Deus e também para a Igreja que é o Corpo do Senhor¡±, acrescentou.
Espaços de silêncio, mas habitados pela Palavra
¡°Os jovens do pré-Sínodo pediram mais ocasiões de oração, silêncio e contemplação¡±, recordou Enzo Bianchi. ¡°É um pedido importante, mas o silêncio deve ser habitado pela Palavra de Deus. Hoje os jovens sentem muita atração pelas orações de tipo oriental em que abundam meditação e silêncio. E é uma reação à verborragia das nossas assembleias¡±, destacou.
Mas atenção, disse: ¡°aquele silêncio deve ser sempre uma preparação para o encontro com a Palavra. Deve ser habitado pelo Evangelho, do contrário não produz nada, a não ser um bem-estar individualista. Mas essa é, infelizmente, a espiritualidade que corre o risco de reinar: um deísmo vaporoso, ético, com uma busca do bem-estar individual. Essa não é a espiritualidade cristã: em que Cristo, a Graça, a Misericórdia, salvam o homem e não simplesmente os caminhos que ele percorre em busca da paz interior¡±.
A Igreja não perca o desejo de gerar Fé
¡°Por enquanto é difícil dizer quais poderão ser os frutos pastorais concretos deste Sínodo, ainda estamos no início¡±, concluiu o fundador da Comunidade monástica de Bose. ¡°Veremos como os padres sinodais saberão indicar o futuro. É claro, como disse o Papa, o fruto do Sínodo não pode ser somente um documento.¡±
¡°É preciso que se abram novos modos de pastoral, de presença no meio dos jovens, de proximidade. Porque se isso faltar e se faltar também a vontade generativa da Igreja em relação à fé, então não haverá uma geração cristã futura¡±, disse por fim.
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