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Dom Samuel Kleda, arcebispo de Douala (Camar?es) Dom Samuel Kleda, arcebispo de Douala (Camar?es) 

Camar?es: Perante um clima social tenso, Dom Kleda reitera seu apelo ¨¤ paz

Numa altura em que os camaroneses s?o chamados ¨¤s urnas para as elei??es presidenciais num clima social marcado pela persistente inseguran?a e pelas incertezas quanto ¨¤ sucess?o do Presidente Paul Biya, o Arcebispo de Douala, Dom Samuel Kleda, apela aos seus compatriotas ¨¤ paz, "um bem precioso, e objecto da nossa esperan?a".

Vatican News

Com o aproximar das eleições presidenciais dos Camarões, a 12 de outubro, o Arcebispo de Duala apela a mudanças num país que descreve como "doente" e onde os líderes "persistem teimosamente em governar o Estado". O prelado reiterou este apelo durante uma entrevista à Rádio Vaticano-Vatican News, dando continuidade à sua carta pastoral publicada na sexta-feira, 8 de agosto, sobre o clima social nos Camarões na véspera das eleições presidenciais.

Trata-se, de facto, de uma situação que preocupa Dom Kleda, que continua a convidar os fiéis e todas as pessoas de boa vontade a rezar "para implorar a paz, o espírito de amor e de serviço nas famílias e para cada um de nós". Neste país da África central, que muito necessita de paz, justiça e reconciliação neste momento delicado da sua história, o bispo camaronês apontou ainda os múltiplos males que afligem todas as classes sociais, nomeadamente a má governação e a corrupção.

Promover a justiça e o bem-estar de todos

"Num Estado de direito, a democracia é, segundo os seus princípios básicos, um quadro de intercâmbio entre os actores políticos e sociais, baseado na justiça, no respeito pelas opiniões, nas liberdades individuais e na liberdade de associação", recorda Dom Kleda, acrescentando: "A democracia, se entendida como tal, implica, portanto, tolerância, diálogo, transparência, justiça e verdade". Uma realidade que não parece estar incorporada na sociedade camaronesa, "porque os acontecimentos que experimentamos diariamente não nos encorajam a proclamar que a democracia no nosso país obedece verdadeiramente a critérios universais".

Como resultado, lamenta Dom Kleda, "devemos reconhecer que há uma ausência de paz quando penso no sofrimento dos camaroneses, das classes sociais mais vulneráveis que enfrentam enormes dificuldades". Assim, o Arcebispo de Douala convidou cada cidadão a assumir as suas responsabilidades para que "o nosso ato cívico nos permita lançar as bases para uma sociedade nova e próspera, fundada na paz e na justiça, e orientada para o bem-estar de todos".

Explorar novas formas de salvar o país

Denunciando ainda mais os males que assolam o país, Dom Kleda enfatizou que a má governação e a corrupção que o assolam podem ser explicadas pelo facto de os cidadãos já não estarem no centro das preocupações dos líderes. Isto está a prejudicar o crescimento social, económico e até religioso dos Camarões. O Arcebispo de Douala lamentou ainda a rejeição de determinadas candidaturas, nomeadamente a do principal líder da oposição, Maurice Kamto, abrindo caminho à organização de eleições cujos resultados se conhecem antecipadamente e são decididos por um punhado de pessoas. Esta é uma situação desesperada que também pode levar a uma crise pós-eleitoral, "a menos que a comunidade internacional reaja", afirmou o prelado.

Peregrinação nacional de oração pela paz nos Camarões (foto de arquivo)
Peregrinação nacional de oração pela paz nos Camarões (foto de arquivo)

No final da entrevista, o Arcebispo de Duala reiterou o seu apelo à paz e a eleições justas. "Camarões precisa de um novo paradigma e de novos homens para sair do lamaçal em que se encontra. Devemos, por isso, explorar novos caminhos para salvar o país, com homens capazes de propor soluções concretas para os flagelos que assolam o nosso país", concluiu.

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19 agosto 2025, 11:04