Jornalistas africanos chamados a preservar os valores humanos face ¨¤ IA
Jean-Paul Kamba, SJ ¨C Cidade do Vaticano
Organizado pela União Católica Africana da Imprensa (UCAP), este fórum africano pretende promover um jornalismo ético, inclusivo e baseado em valores. Com este mesmo objetivo, a associação reúne-se trienalmente para refletir e discutir questões importantes, de forma a, entre outras coisas, reforçar as capacidades dos seus membros.
Este ano, o encontro no Gana abordou um tema oportuno: como equilibrar o progresso tecnológico e a preservação dos valores humanos na era da inteligência artificial (IA). Entre os participantes no encontro estava a mauriciana Martine Lajoie, recém-eleita Secretária-Geral da UCAP. Ela falou à Rádio Vaticano ¨C Vatican News, abordando alguns dos temas discutidos durante o encontro.
Por um uso responsável da IA
A IA está hoje omnipresente em quase todas as áreas da vida profissional, incluindo o jornalismo. Sendo um novo desenvolvimento, é por vezes acompanhada de incerteza e medo, reconheceu Martine, referindo que os participantes da conferência dedicaram tempo à reflexão. Nas suas apresentações, disse ela, os membros do painel foram bastante tranquilizadores, ao mesmo tempo que instaram todos a "estarem conscientes dos perigos que podem acompanhar estes novos desenvolvimentos". Portanto, não se trata de diabolizar a IA, que alguns consideram uma rival dos seres humanos. Pelo contrário, observou a mauriciana Martine, "a inteligência artificial é um instrumento ao serviço da humanidade. Devemos saber utilizá-la corretamente, tendo em conta os nossos valores cristãos".
Motivados a ser formados
"Os jornalistas africanos estão muito motivados a se formar na área da IA. A formação é essencial para saber usá-la corretamente", acrescentou, alertando contra uma utilização que "rouba a nossa criatividade e encoraja a preguiça". Ao utilizar este instrumento, devemos manter-nos criativos e aproveitar sabiamente os benefícios que ela oferece, particularmente "em termos de agilização da informação, mas também no acompanhamento das atividades de desenvolvimento comunitário, como a agricultura".
Mas, mesmo assim, alerta Martine, a IA também pode cometer erros. Daí a importância de permanecer vigilante e tomar consciência disso através de uma formação adequada. Isso é algo que os jornalistas também precisam. Isto também requer "iniciativas concretas para incentivar esta formação e oferecer esta oportunidade de formação", enfatizou.
Face aos abusos, manter o profissionalismo
Entre os temas debatidos durante os trabalhos, esteve também a questão da ética a observar na utilização das novas tecnologias. "Não podemos falar de inteligência artificial hoje sem discutir os abusos ligados ao uso da internet, que faz parte do nosso quotidiano". Sobre este ponto, a nova secretária-geral da UCAP recomendou ainda a consciencialização da nossa responsabilidade para evitar cair em abusos. "Devemos manter o profissionalismo. Um jornalista católico", acrescentou, "é um missionário que precisa de ser vigilante e responsável em relação à missão que lhe foi confiada".
Martine indicou ainda que a dimensão missionária do jornalista e comunicador católico foi amplamente discutida, para que "os jornalistas católicos tomem realmente consciência de que não se trata simplesmente de pegar num papel, mas de estar em missão por um bem maior e de estar em sintonia com o próprio batismo".
"Popularizar o Sínodo sobre a Sinodalidade"
Este congresso foi também uma oportunidade para revisitar o sínodo, acrescentou Martine, sublinhando que os participantes foram sensibilizados para o seu papel na "popularização do sínodo sobre a sinodalidade entre os jornalistas". Devem primeiro aprofundar o conteúdo deste sínodo para "inculturá-lo e comunicá-lo aos nossos leitores, aos nossos ouvintes e a todas as pessoas que somos chamados a alcançar através das nossas responsabilidades".
"Missão, fidelidade, profissionalismo, olhar voltado para Cristo, compromisso com a comunidade, apoio a África perante todas as dificuldades que o continente enfrenta" são as palavras-chave que os participantes do congresso trienal da UCAP levarão da conferência de Acra, concluiu Martine.
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