Lusofonias. Roma a borbulhar: mem¨®ria de Francisco e aguardando Conclave
Por Tony Neves, para o Vatican News
O Jubileu, sob o signo da Esperança, viu o seu programa muito abalado e, em muitos eventos, posto em causa. Mas o Jubileu dos Adolescentes encheu Roma com largas dezenas de milhares de pessoas, vindas do mundo inteiro. A celebração principal, a Missa, foi presidida no domingo 27 pelo Cardeal Parolin, com a Praça de S. Pedro e as imediações a abarrotar da alegria e colorido trazidos por estas novas gerações. Marcou-me particularmente uma faixa levada por escuteiros que dizia: ¡®Deixou o mundo um pouco melhor do que o encontrou. Boa viagem, Papa Francisco!¡¯.
A semana foi intensa em programação jubilar. Primeiro aconteceu o das Pessoas portadoras de Deficiência (28-29 de abril) e, nos últimos dias, o Jubileu dos Trabalhadores (1-4 de maio) e do mundo empresarial (4-5 de maio). Todos previam celebrações e encontros com o Papa e, neste período de Novena em sufrágio do Papa Francisco, quase tudo foi cancelado. Mas muitas pessoas e associações estavam inscritas para estes eventos e, tendo viagens e estadias pagas, vieram até Roma e celebraram o Jubileu entrando nas Portas Santas.
Quero voltar um pouco atrás e fazer eco do muito que se disse sobre a vida e missão do Papa Francisco. Começo pelo ¡®Rogito¡¯, uma palavra que se pode traduzir por ¡®Obras¡¯. Há uma tradição antiga de colocar no caixão do Papa um tubo de aço com um texto que conta o essencial da missão papal. Destaco deste ¡®Rogito¡¯ algumas linhas: ¡®A memória de Francisco permanece no coração da Igreja e da humanidade inteira (¡). Em Buenos Aires foi um pastor simples e muito querido em sua Arquidiocese, que percorria amplamente, inclusive usando metro e autocarro. Morava num apartamento e preparava ele mesmo o seu jantar¡¯ (¡).
¡®Escolheu o nome Francisco, porque, seguindo o exemplo do santo de Assis, queria ter um olhar prioritário para com os mais pobres do mundo (¡). ¡®Sempre atento aos últimos e aos excluídos da sociedade, Francisco, assim que foi eleito, escolheu viver na Casa Santa Marta, pois não conseguia ficar longe do contato com as pessoas e, desde a primeira Quinta-feira Santa, quis celebrar a Missa da Ceia do Senhor fora do Vaticano, indo a prisões, centros de acolhimento de deficientes ou dependentes químicos.
Recomendava aos sacerdotes a estarem sempre disponíveis para administrar o sacramento da misericórdia, a terem coragem de sair das sacristias para procurar a ovelha perdida e a manterem abertas as portas da igreja para acolher quem buscasse o Rosto de Deus Pai (¡). Os últimos anos do pontificado foram marcados por inúmeros apelos pela paz, contra a Terceira Guerra Mundial em pedaços em curso em diversos países, especialmente na Ucrânia, bem como na Palestina, Israel, Líbano e Mianmar¡¯ (¡). Francisco deixou a todos um testemunho admirável de humanidade, de vida santa e de paternidade universal¡¯.
A Missa Exequial contou com a presença de inúmeros governantes vindos do mundo inteiro e uma multidão imensa de pessoas que quiseram participar neste momento excecional de oração e homenagem ao Papa Francisco. Mais de 4 mil jornalistas pediram a acreditação na Sala de Imprensa do Vaticano. O Cardeal Batista Re, decano, disse na homilia: ¡®Seguiu as pegadas do seu Senhor, o bom Pastor, que amou as suas ovelhas até dar a própria vida por elas¡¯ (¡). ¡®O fio condutor da sua missão foi também a convicção de que a Igreja é uma casa para todos; uma casa com as portas sempre abertas. Várias vezes utilizou a imagem da Igreja como um ¡°hospital de campanha¡± depois de uma batalha em que houve muitos feridos; uma Igreja desejosa de cuidar com determinação dos problemas das pessoas e das grandes angústias que dilaceram o mundo contemporâneo; uma Igreja capaz de se inclinar sobre cada homem, independentemente da sua fé ou condição, curando as suas feridas.
São inúmeros os seus gestos e exortações a favor dos refugiados e deslocados. Constante foi também a sua insistência em agir a favor dos pobres¡¯ (¡). ¡®Dirigindo-se a homens e mulheres de todo o mundo, na sua Carta Encíclica Laudato si', chamou a atenção para os deveres e a corresponsabilidade em relação à casa comum. ¡®Ninguém se salva sozinho¡¯.
O Cardeal Batista Re terminou com duas citações repetidas vezes sem fim pelo Papa Francisco: ¡®A guerra deixa sempre o mundo pior do que estava: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos¡¯; ¡®É preciso construir pontes e não muros¡¯.
Rezemos para que os Cardeais reunidos em Conclave, a partir de 7 de maio, elejam o Papa que Deus quer.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp