Miss?o do Namuno - 100 anos de hist¨®ria e esperan?a no futuro
Bernardo Suate ¨C Pemba, Moçambique
Há exactamente cem anos, dois Missionários Monfortinos franceses (Martin Baslé e Le Breton) davam início, sob a invocação de Santa Maria de Namuno, à Missão Santa Maria de Namuno. O facto foi comemorado, no último domingo 22 de maio, com uma solene celebração da Eucaristia presidida por Dom Inácio Saúre, arcebispo de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM).
Participaram na celebração o Presidente da República Filipe Jacinto Nyusi e diversas autoridades do governo central e provincial, Bispos e Arcebispos da CEM, dezenas de sacerdotes (diocesanos e missionários) vindos de diferentes dioceses do País, religiosas e religiosos e milhares de fiéis da diocese de Pemba e arredores.
A Missão de Santa Maria de Namuno, disse ainda o arcebispo, Dom Inácio Saúre, pode ser considerada, a justo título, como o berço da evangelização da parte continental do então Distrito (hoje Província) de Cabo Delgado, que faz parte do imenso território eclesiástico designado por Diocese de Pemba.
¡°Que ninguém ouse voltar a ofender a Deus neste lugar sagrado¡±, advertiu Dom Inácio Saúre, acrescentando que neste lugar, o Deus dos nossos antepassados sempre esteve presente, porque o povo daqui é muito religioso. ¡°Portanto, os missionários, ao chegarem aqui, não trouxeram um Deus que não existia, mas vieram iluminar os locais com aquela luz que se deve revelar às Nações, Cristo Senhor¡±, ressaltou o prelado.
Amado povo de Deus da diocese de Pemba, disse Dom Inácio a terminar, começa hoje um novo século da evangelização de Namuno e da diocese de Pemba; o novo século começa com um novo Bispo, um Bispo jovem e um jovem Bispo; o novo século começa em pleno itinerário da preparação do Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, sob o lema ¡°Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão¡±.
E para que o ano jubilar da Missão de Santa Maria de Namuno dê frutos, todos e cada um/a de nós terá de trabalhar arduamente como se tudo dependesse apenas do seu trabalho e, ao mesmo tempo, pedir sempre o auxílio de Deus como se tudo dependesse apenas do auxílio de Deus ¨C concluiu o prelado.
Em jeito de felicitação e melhor augúrio para o futuro foram numerosos os testemunhos apresentados: Padre Carlos (dos Missionários Monfortinos), o Bispo Emérito de Pemba, Dom Januário Machaze Nhangumbe, um sacerdote diocesano e o Presidente Filipe Nyusi, entre outros.
O Padre Carlos, que representava o Provincial dos Missionários Monfortinos, falou da possibilidade de uma retomada da missão monfortina na diocese de Pemba. E, por sua vez, o Presidente Nyusi falou do importante papel que a Igreja católica tem tido no País, particularmente nas áreas da saúde, da educação e da moralização da sociedade.
O Padre Eriberto Schwamback, Missionário Palotino e Pároco da Paróquia Santa Maria, Mãe de Deus, de Namuno, falou dos desafios e expectativas da missão de Namuno neste momento. Para o sacerdote, o maior desafio de sempre é manter viva na alma do povo a fé do Evangelho, apesar de todos os desafios e do sofrimento causado pela pobreza, a guerra, as pandemias e todo o tipo de doenças.
Neste sentido, enfatiza o Padre Schwamback, celebrar o jubileu significa fazer com que a semente lançada há cem anos continue a dar frutos na vida das pessoas, hoje. E para o Padre Eriberto, os adolescentes e a juventude são um sinal de esperança não apenas para a Igreja de Namuno mas de toda a Diocese de Pemba.
De referir que, a nota histórica tornada pública durante a celebração, ¡°reza¡± que tudo teve início em 2 de maio de 1922 quando dois Missionários Monfortinos franceses (Martin Baslé e Le Breton) partiram de Nguludi (Malawi) e em 18 dias fizeram 1.000 km de bicicleta e a pé; quando chegaram ao rio Moatage, já não tinham solas nos sapatos e ali se detiveram, exclamando: ¡°isto é sinal de que é aqui que o Senhor quer que se faça a Missão¡± e ali iniciaram a Missão sob a invocação de Santa Maria de Namuno e, com a licença do rei local, construíram uma palhota no lugar onde a sola do sapato havia caído.
Os Missionários Monfortinos viram nesses estragos um sinal de Deus para que eles não continuassem o caminho, mas que ficassem aí e começassem a sua Missão nesse lugar: era o ano de 1922. Depois estenderam-se para outras zonas, primeiramente para o norte da Província e depois, pouco a pouco, por toda a Região Sul e a cidade de Pemba. A este primeiro grupo juntaram-se as Irmãs Missionárias da Consolata e, sucessivamente, os Padres Diocesanos, os Missionários da Boa Nova e outros grupos de Missionários e Missionárias, até aos actuais Padres Palotinos, a partir de 2016.
Aqui a entrevista com o P. Eriberto Schwamback:
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