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Dulce Araújo - Vaticannews

É já amanhã o Dia Internacional da Mulher - 8 de março - e multiplicam-se as iniciativas em volta dessa data e do seu significado para mulheres e homens do mundo inteiro.

Em Roma, na sexta-feira, 4 de março, a União Mundial das Organizações Femininas Católicas (UMOFC/WUCWO), realizou uma conferência internacional, on line, sobre o tema: “Mulheres, crise e resiliência”.

O encontro foi realizado em colaboração com o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso – PCDI e com o patrocínio das Embaixadas da Argentina, Austrália, Colômbia, Irlanda e Países Baixos junto da Santa Sé.

Acordar as consciências

O objetivo principal do encontro era – segundo a UMOFC/WUCWO – reagir como mulheres e homens de fé, à “consciência humana anestesiada” seja perante os sofrimentos e discriminações que atingem as mulheres, seja perante a sua capacidade criativa, de renovação e de resiliência, demonstrada na atual crise pandémica.

Tendo como pano de fundo o documento sobre “A Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum” (assinado em fevereiro de 2019 pelo atual Pontífice e pelo Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb) e a e encíclica “Fratelli Tutti” do Papa Francisco, o encontro, de caracter inter-religioso e ecuménico, foi programado também com a ambição de contribuir para construção de um mundo mais inclusivo e justo, com olhares diferentes, através dos diversos saberes e valores religiosos.

Na base do tema escolhido pelos organizadores para o evento na quadra do Dia internacional da Mulher – “Mulheres, crise e resiliência” - esteve também o facto de a pandemia ter sido definido pelo Secretário Geral da ONU, como “uma crise com rosto de mulher”. Como habitualmente (palavras de António Guterres) as mulheres estiveram em primeira linha. A sua força e resiliência são essenciais para enfrentar os desafios – recordava a UMOFC em comunicado de imprensa ao anunciar o encontro.

Em suma: uma celebração para dar visibilidade e exprimir solidariedade às mulheres das várias religiões, culturas e regiões do planeta, através da escuta, diálogo e difusão de experiências que, aos olhos de muitos, parecem invisíveis. Deste modo – sublinhava a Presidente Geral da UMOFC, Maria Lía Zervino, “procuraremos promover uma ação comum e transformadora, típica da amizade social e da fraternidade humana.”

Conferência do dia 4 de março

Foi, portanto, com estas premissas que a conferência internacional “Mulheres, crise e resiliência” se concretizou na sexta-feira 4 de março, através da plataforma zoom. Contou com a participação de quase 400 pessoas em ligação a partir de 70 países – lê-se num comunicado de imprensa da UMOFC.

O evento foi aberto com uma mensagem do Cardeal Miguel Angel Ayuso Guixot, Presidente do PCDI. Depois, intervieram mulheres líderes de comunidade religiosas muçulmana, indu, budista, hebraica e católica. Narraram, cada uma do seu ponto de vista, as experiências, sofrimentos e discriminações que atingem as mulheres, mas sobretudo a sua capacidade criativa de renovação e resiliência.

Na sua mensagem de abertura, o Cardeal Ayuso frisou que a UMOFC olha para o mundo com os olhos de Maria, modelo de resiliência quotidiana, e exprimiu o desejo de que perante as tantas crises atuais, as narrações proporcionadas durante o encontro tragam resiliência aos lugares mais recônditos do mundo e em dificuldades.

Do ponto de vista muçulmano, falou a professora Shahrzad Houshmand, teóloga iraniana, Vice-Presidente da Consulta Feminina do Conselho Pontifício da Cultura. Ela afirmou que “a resiliência se alimenta da força de espírito de cada pessoa, mulher ou homem, oriental ou ocidental que seja. A resiliência precisa de esperança, de amigos, amigas reais, conscientes dos próprios direitos.”

Por sua vez, Swamini Hamsananda Ghiri, Vice-Presidente da União Induísta Italiana ilustrou, entre diversas outros, o testemunho e experiência de Ela Gandi (neta de Mahatma Gandi) durante a pandemia de covid-19 na África do Sul.

A Drª Nadine Iarchi, Presidente da Comissão Interconfessional e Intercultural do Conselho das Mulheres Hebraicas (ICJW) disse que basta “olhar para a história do povo hebreu para encontrar muitos exemplos de mulheres que tomaram as rédeas da sua sobrevivência e a de gerações futuras.”

Do Conselho Mundial das Igrejas falou a Vice-Secretária, Prof.ra Isabel Apawo Phiri, teóloga do Malawi, segundo a qual “com o esforço conjunto de todos, se pode contrastar as consciências desumanizadas e construir um mundo que reforce a resiliência e a justiça, não só para as mulheres africanas sobre as quais pesa o impacto da pandemia, mas para todos” .

A seguir tomou a palavra, a Drª Mónica Santamarina Noriega, Tesoureira da UMOFC que apresentou uma síntese dos resultados do primeiro trabalho do Observatório Mundial das Mulheres intitulado “Impacto da COVID-19 sobre as mulheres na América Latina e nas Caraíbas”.

Observatório Mundial da Mulher em África

O Observatório vai agora virar o olhar para África e seguidamente para outros continentes. Ao anunciar oficialmente, durante o encontro, o Observatório Mundial da Mulher em África a Presidente da UMOFC, Maria Lía Zervino afirmou que isto quer ser um “dom e uma homenagem” às mulheres sofredoras e resilientes, mas que passam inobservadas ou são descartadas. E recordou a encíclica “Fratelli Tutti” do Papa Francisco da qual se que as mulheres que sofrem situações de exclusão, maus-tratos e violência, são duplamente pobres porque, muitas vezes, não têm a possibilidade de defender os seus direitos.

A conferência “Mulheres, crise e resiliência” está disponível no You Tube WUCWOUMOFC – informa a organização em comunicado de imprensa.