Jornal "O Negro" reeditado 110 anos depois
Dulce Araújo ¨C Cidade do Vaticano
A ideia, ao reeditar o jornal ¡°O Negro¡± é trazer para o debate de hoje questões que há 110 anos eram enfrentados pelos ativistas negros de então e que continuam atuais em Portugal e no mundo: a luta pela igualdade e dignidade dos negros e pessoas racializadas. São palavras de historiador, José Augusto Pereira, estudioso da luta antirracista no período da Primeira República portuguesa.
Ele é um dos membros organizadores dessa reedição, cujo objetivo é não apenas comemorar, mas sobretudo contribuir para tirar do silenciamento a que esses ativistas antirracistas foram votados e lembrar que a presença dos negros em Portugal remonta ao século XV; os seus marcos na sociedade portuguesa são multiseculares.
José Augusto Pereira recorda ainda que o jornal ¡°O Negro¡± foi apenas o primeiro de onze títulos que apareceram entre 1911 e 1933, sinal do dinamismo desses estudantes e ativistas. Entre eles havia muitas mulheres ¨C explica ¨C que não só lutavam pelos direitos específicos da mulher, como também faziam parte das direções desses órgãos de expressão dos negros em Portugal.
Os temas tratados pelo jornal ¡°O Negro¡± iam da denuncia de atos de racismo em Portugal; às injustiças praticadas nas colónias africanas por Portugal, sobre cuja legitimidade colonial se interrogavam; ao acompanhamento das revoltas negras no Brasil, por ex., à situação dos trabalhadores no mundo, assim como à valorização do pan-africanismo que estava então em voga, frisa José Augusto Pereira em entrevista à Rádio Vaticano:
O jornal "O Negro" reeditado pode ser descarregado na internet ou adquirível nalgumas livrarias em Portugual. O Dr. José Augusto deixa aqui as indicações:
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