Bispo de Cabinda: ¡°Francisco, o Papa da Caridade¡±
Domingos Pinto - Lisboa
¡°A primeira grande preocupação da igreja em Angola tem a ver com a sua missão. Uma 2ª preocupação tem a ver com a formação dos sacerdotes¡±, diz D. Belmiro Chissengueti ao portal da Santa Sé em «entrevista exclusiva» sobre a realidade eclesial e política angolana.
O prelado, que presidiu no passado dia 7 de julho à 39.ª peregrinação da Família Espiritana a Fátima, entende que é preciso refletir sobre a ¡°identidade missionária¡± da igreja do país.
¡°Hoje os sacerdotes, os nossos missionários em Angola, estão confrontados no dilema entre a autossustentabilidade e a missão, e então há necessidade de ir buscar um justo equilíbrio¡±, sublinha o prelado angolano que lança um alerta para a proliferação das seitas no país.
Já em relação à governação angolana, do Presidente João Lourenço, o Bispo de Cabinda considera que existe ¡°uma maior liberdade de expressão¡±.
¡°A gente hoje pode falar livremente sem ter constrangimentos¡±, sublinha o prelado que destaca a mudança no país, de um ¡°paradigma um bocadinho fechado¡± para uma ¡°maior liberdade de expressão¡±, que se traduz, por exemplo, na ¡°maior liberdade dada à Rádio Ecclesia¡± que agora já chega ¡°a grande parte das dioceses¡±.
Mudanças visíveis na ¡°própria relação das autoridades com os governados¡±, diz o Bispo de Cabinda que realça ainda o esforço na luta contra a corrupção.
¡°Foi por causa desta corrupção que Angola não deu o salto que tem de dar¡±, refere o prelado que explica esta situação com ¡°a falta de ouvido diante das reclamações, tanto da sociedade civil como de outras forças politicas¡±.
¡°Faz sentido um país que produz petróleo há mais de 50 anos não ter autossuficiência de combustíveis?¡±, pergunta o Bispo de Cabinda que critica ainda ¡° grande incidência fiscal do Estado¡±, ou seja ¡°passou-se de um estado social que tudo dava, que não cobrava nada, a um extremo oposto, ao aumento do preço do petróleo, da eletricidade, dos impostos¡±.
¡°A contrapartida dos salários não é tão proporcional¡±, clarifica o bispo angolano que entende que ¡°dos 24, 25 milhões de angolanos, não chega a um milhão aqueles que têm um salário mais ou menos razoável¡±.
No caso de Cabinda, o prelado diz que ¡°não faz sentido que uma província que contribuiu tanto para o Orçamento de Estado, não tenha os reflexos das riquezas que lá tem¡±.
Nesta entrevista à Vatican News, D. Belmiro Chissengueti sublinha ainda os pontificados de S. João Paulo II, de Bento XVI, e agora do Papa Francisco.
¡°Temos nos três últimos papas as virtudes teologais, da esperança, da fé, e agora, em Francisco, da caridade, do amor, essa igreja que quer tocar as realidades humanas¡±.
¡°Temos de agradecer a Deus por este exemplo, este testemunho que também obriga a tocarmos as periferias das nossas dioceses, da nossa igreja,¡±, conclui o Bispo de Cabinda que deixa um apelo: ¡°Não fazermos uma igreja de telecomando, mas uma igreja de toque, de encontro, de comunhão, de perdão e de festa¡±.
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